
Este ano não tem máscara carnavalesca. As máscaras na atualidade não colorem a vida, protegem-na, encobrindo uma tristeza no rosto de cada um daqueles que as usam. Elas já não são adornos de cultura. Já não revelam etnias e não indicam um ritual. Já não são celebração. As máscaras, hoje, são filtro para ter vida. São necessidade de sobrevivência, gesto de resistência. Elas são um instrumento de resiliência, fazendo rimas!
No entanto, ainda persistem as máscaras que não são adorno, mas são a face dos cínicos. Neles, o rosto nu é o gozo da morte, que não deixa lembranças. Que vivam – não vivem bem ! – sem saber como celebrar a vida, desprovidos do gosto e da memória dos sorrisos verdadeiros. Serão sempre uns trastes tristes: umas carrancas a se espantarem diante do espelho. Mas quem usa máscara, hoje, e quem já curtiu uma no carnaval sabe o que elas representam como adorno.
Haveremos de vencer com os sonhos o calendário da espera que esse tempo de pandemia impõe. Haveremos de exibir no rosto não a máscara de um sorriso, mas o sorriso largo e verdadeiro da alegria carnavalesca.
(Foto e texto de Maria Betânia Silva)