
“Pra mim, a questão política está embutida em um drama existencial que a gente vive neste século e que precisamos resolver, enquanto civilização. Não estou falando de Brasil, São Paulo, falo do ser humano, na esfera existencial. O que a gente está fazendo aqui e agora. A gente precisa muito se expressar, por isso temos a internet. Cada um é um e tudo é muito urgente. A questão LGBTQIA+ é urgente. A questão dos direitos dos negros é urgentíssima. Feminismo, meu Deus do céu.(Nota nossa: os direitos dos povos indígenas) Só pra começar. Eu acho que fora todas as outras coisas, é tudo tão urgente.
A grande viagem que eu tenho é que a minha geração é a que está tendo a implementação desses conceitos, sabe? Eu saí de uma situação LGBT onde eu não podia beijar uma pessoa na rua porque podia apanhar. Ainda posso? Ainda posso, mas já não é tão assim. O que eu sinto é que estamos vivendo um momento de cortina de fumaça, um pânico geral que é pra tontear as pessoas das conquistas que elas já têm. Precisa firmar. Ainda estamos longe do objetivo, mas também está muito perto de perder o essencial. É um momento em que precisamos ter firmeza, tem que se colocar. Precisa se expor, se inventar. Precisa sim, colocar o batom, sair na rua, lutar pelos seus direitos, fazer escolhas difíceis, porque quem não fizer escolhas difíceis agora, pensando em si, na sua expressão, vai ter que fazer escolhas difíceis daqui a pouco, por qualquer outro motivo. Estamos mexendo com estruturas muito antigas e que já estão muito velhas e não fazem mais o menor sentido.” (Filipe Catto)