Margens e Clareiras: Amor

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📷 Daniel Queiroz/ND

AMOR

Pensei em escrever para alguém que canta, alguém que escreve, dança e canta. Alguém como você.
Pensei em escrever palavras. As que surgem são clichês demais. Vergonha.
Pensei em escrever poemas, desses em que a gente se encontra, de versos bobos e sem métrica, chorosos como eu e você. Pretensão demais.
Pensei em escrever uma carta, com harmonia em cada frase, que ecoasse no seu peito e reverberasse em tudo que há de mais vivo por aí. Queria que fosse assim.
Pensei em descrever momentos, recuperar memórias jovens que já me fazem falta, trazer para agora o que era nosso ainda ontem. Mas elas não dão conta do que eu vivi. Você sabe.
Então pensei em você. Parei de pensar em escrever e pensei só em você.
Pensei.
Pensei em escrever alguma coisa linda, nem tão bela para que não fosse fria, nem tão simples para que não fosse nada. Que fosse então só linda. Como a nossa noite.
Pensei em escrever com as mãos da alma, tocar no fundo sem ser piegas, mas falar de alma já é.
Pensei em escrever sobre o que eu senti e ainda sinto. Sobre o que imaginei e como tudo pode ser. Lembrei que isso é só papel.
Pensei em escrever algo curto, direto e forte. Algo que se bastasse. Na coesão perfeita. Desisti.
Pensei em soltar a mão e escrever o que viesse.
Pensei em escrever tanta coisa.
Pensei em tanta coisa.
Pensei até em você.
Só escrevi este texto aqui.

(Daguito Rodrigues)

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