26/9/17: Filipe Catto, 30 anos!

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Num mundo cheio de gente careta e covarde, acredito que o conceito de “maturidade” pode ser superestimado. Acho que, mais ainda, pode ser distorcido. Por isso, criei um conceito meio fluído de maturidade: pra mim, ser maduro é bancar suas próprias escolhas. Não é aquele “fazer e vamos ver no que dá” juvenil, inconsequente. É pensar, escolher, acolher e levar.

No mês em que o Filipe completa 30 anos, fui convidada a escrever sobre este marco na sua vida, ainda mexida depois de assistir a dois dias consecutivos de “Over” do Theatro São Pedro. Eu já assisti a muitos shows do Filipe, mas nunca assisti tantos em tão pouco tempo no início da carreira dele. A gente era punk rock e acreditava no faça-você-mesmo (ou será que era uma forma de driblar a falta de dinheiro?) e todo mundo ajudava no que podia. Ajudávamos na produção, iluminação, levávamos cerveja e água pra beira do palco, gritávamos muito e dávamos puxões de orelha no nosso menino quando achávamos que era necessário. Vivemos, nossa patotinha, ao redor da luz de Filipe e, assim, vimos ele crescer como artista.

Mas nunca um salto quântico como o que vimos em “Over”. Este encontro com um artista no palco que, pra nós, sempre foi o solo mais sagrado da cultura porto-alegrense. Um artista firme, completo. Maduro. Alegre em sua plenitude. Quando o Filipe começou a carreira dele, muita gente esperava que ele se encaixasse em um certo molde. O cantor da fossa. Do drama. Da música popular não tão popular brasileira. Das noites “meu mundo caiu”. Mas Filipe não é gente de moldes. De conformações. Acho que, por isso, vê-lo cantando todas essas canções roqueiras, sofridas, xucras, no palco do São Pedro me fez ter a certeza: ele amadureceu. Mais do que nunca, banca suas escolhas. Banca sua personalidade e nos brinda com o humor tão típico seu. Aquele que os amigos próximos conhecem tão bem e amam tanto.

Trinta anos é tão pouco perto do que ele ainda vai alcançar, eu sei. Do que ele vai alcançar de sucesso mas, mais ainda, dos cantos de dentro da gente que ele vai alcançar. E ele alcança com jeitinho, librianamente, felinamente, filipecatteando tudo até a última ponta e nos deixando inebriados. Meio tontos. E querendo ainda mais. Exatamente como ele faz desde que entrou na minha vida, um garoto de 17 anos cheio de vontades, risos e humores de ventania. Fi amado, não preciso te desejar nada de bom porque acredito em justiça divina e lei do retorno. Se um artista como tu nos ilumina tanto, há de voltar um tantinho dessa luz que tu irradia pro mundo! Seja sempre aquele garoto roqueiro que ia ao Ocidente e ao Beco comigo, que arrebatava a Dionara com seu talento enquanto cantava no Odeon, que tomava cerveja gelada no melhor bar do centro histórico, o finado Celebridade, cantando “Summertime”. Mas, acima de tudo, seja sempre você. Tão lindo, tão completo, tão adulto, tão crescido, tão artista. O mundo precisa de você assim. E a gente também.

(Texto de Manu Colla)

2 Comments

  1. Lindo texto Manu! Que sorte a sua de ter desfrutado o amadurecimento do nosso menino desde cedo! Sim! Hoje, depois de tantas experiências, ele está pleno na sua arte e, como você diz, aberto para muito brilho que há de vir! FELIZ ANIVERSÁRIO FILIPE!!!!

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  2. Lendo novamente esse texto aqui, porque coisa boa a gente vê de novo, lê de novo, quanta coisa linda tem aqui, quanta coisa linda de Filipe que mesmo só o conhecendo como artista a gente vê, a gente percebe. Parabéns Filipe pelos trinta anos, e Manuela por dividir conosco tantas lembranças lindas! Amor em dobro!❤️❤️

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