Quem acompanha FCEF já conhece nossas postagens coletivas. Sempre que há uma razão forte ou resolvemos comemorar algo, fazemos uma postagem em que os gestores e/ou colaboradores dão a sua versão pessoal sobre um determinado assunto.
Nesse caso, para comemorar 2 anos de nosso site, cada pessoa escolheu a música de Filipe (ou que ele canta) que mais gosta e comentou sobre ela. Algumas pessoas escolheram vídeos para acompanhar sua visão da canção. Vamos viajar no sentimento de cada uma que colaborou nesta postagem ?
SAGA
(Mariana Porto)
Saga não é uma música gentil. Definitivamente não é a música que se escolhe para fazer companhia no momento em que se precisa de um abraço.
Saga é um tapa na cara, digamos assim. É o tapa na cara necessário.
A música que me levou a conhecer Filipe é a música que até hoje escolho para ouvir quando ando depressa, para não rever meus passos. É a trilha sonora dos momentos em que só me restam devaneios do que um dia eu vivi.
Saga é coisa aguda. É melodia que destrincha a alma, corta fundo na espinha, inebria a garganta, fere a quem não souber ouvir.
Saga me canta uma história, me vira do avesso. Me vem à cabeça sempre que tropeço em qualquer verso sobre as coisas que o tempo esquece, mas eu, não. Saga me entrega pedras e brasa, exige movimento.
Até onde se pode perder por entre sonhos?
Quanto o coração precisa sangrar para enlouquecer?
Gosto do sabor dessa coisa. Preciso de uma farpa intrusa. O amor é mesmo coisa assim.
Saga não é uma música gentil.
Saga tem a força do escuro do infinito, e carrego em mim esse trecho da obra, como contraste para o frágil brilho de todas as manhãs. Saga me encharca de estrelas, e já cantou muitas noites inteiras, para o meu peito sossegar.
REDOMA
(Klaudia Alvarez)
Quando eu curto um assunto, uma pessoa, não consigo ser imparcial. Eu amo de verdade. E gosto de tudo que a pessoa faz e produz. No caso específico de Filipe Catto, eu AMO todas as canções dele e as de outros autores que ele canta também. Apesar de amar todas, tem uma que me deixa realmente fora do chão. Desde a primeira vez que ouvi, me impressionei com a beleza dos versos e as imagens que construí ao ouvir a canção. Quando soube que ele tinha escrito esses versos com 15 anos, fiquei mais encantada ainda pela música. Como alguém tão jovem podia escrever versos tão profundos? Coisas de Filipe Catto.
Não tem uma só vez que eu escute REDOMA que eu não tenha vontade de chorar. Na maioria das vezes deixo as lágrimas rolarem à vontade.
A saudade talvez seja o sentimento mais dolorido que se sente. Mesmo aquela que você pode “matar” de vez em quando. Você só tem saudade de algo (ou alguém) que não está próximo. Mais dolorida ainda é a saudade que um só lado sente. Aí é pra se acabar mesmo. A vontade que você tem de estar sempre próxima de alguém e não consegue. A vontade de dar um “ reino” para que a pessoa olhe você com outros olhos. A vontade de convocar mil cavalos brancos e quem sabe impressionar pela grandeza e beleza e fazer com que a pessoa venha. Conseguir ser alguém que essa pessoa espera e consequentemente fazê-la um ser muito mais livre que ela possa crer.
Redoma é maravilhosa e “acaba” comigo a cada audição. Mas eu não vou parar nunca de ouvir. Mesmo sabendo que aquela pessoa vai continuar seguindo, exilada, sem saber de mim.
RIMA RICA FRASE FEITA/PURO TEATRO (Nei Lisboa)
(Christina Eloi)
Desculpe, meu bem
Se ontem te fiz chorar
Mas a vida é assim mesmo
Não se pode exigir
Pouco dá pra esperar
Sempre que ouço essa música, tenho a ilusão de que ela foi feita pra mim. Quando nos encontramos pelas esquinas da vida, acreditava que era para sempre. Naquele momento, não havia amor maior, desejo maior, paixão mais verdadeira. Nos entregamos a esse sentimento como dois náufragos, apesar da nossa juventude. Foram longos meses de convivência maravilhosa, conversas incríveis, quase a plenitude. Almas gêmeas era o que todos à nossa volta, falavam.
Muito obrigado por tudo
Pelo teu suor, pelos teus gemidos
Aquilo que era pra sempre foi acabando. Porque eu tenho essa característica perversa de estragar tudo: minhas convicções, minha vida, meus amores. Você foi ficando cada vez mais desnecessária e eu driblando a vontade de sumir e te abandonar. No começo, confesso que me aproveitei um pouco desse amor imenso que você me dedicava, mas isso cansa, né? Queria outras experiências, outras aventuras, outros amores.
Espero que a minha estupidez
Cicatrize teus sentimentos feridos
E que você consiga, apesar da dor, superar tudo e encontrar outro amor que valha a pena.
Nasci e morro assim, só
Perdido no escuro, dentro de mim
E vou cruzando o barro
Vou comendo pó
Até que chegue o fim
E nesse fim, eu posso arrastar comigo pessoas legais como você. Isso não é desculpa. Tentei te poupar, menina de olhos grandes como a lua. Por isso, te abandonei.
Eu tenho saudades imensas daquelas noites sentindo tua carne crua.
E dos bares, das festas
De vinhos, serestas
Parte de mim quer isso de novo, mas, a outra parte não. Minha vida se constitui dessa grande peça de teatro que embarco toda vez que entro numa paixão e me deixo levar.
Pode parecer sórdido, frio, desprezível. Isso não é um consolo, mas você foi a primeira para quem abri meu coração verdadeiramente. Só que não fui suficientemente forte para sustentar nossa relação.
Sei que você dirá que foi
Teatro
Lo tuyo es puro teatro
Falsedad bien ensayada
Estudiado simulacro
Fue tu mejor actuación
Destrozar mi corazón
Y hoy que me lloras de veras
Recuerdo tu simulacro
Perdoe-me por te fazer sofrer.
Acredite!
Tenho certeza que não haverá outra como você na minha vida.
Aqueça seu coração.
Por aqui, eu seguirei torcendo por você, meu grande amor.
DIAS E NOITES
(Francielle Flores)
Quando ouvi Dias e Noites pela primeira vez, levei um choque, fui surpreendida pela melodia agitada da música, que veio de súbito dizer o quanto o tão aguardado Tomada seria diferente dos trabalhos anteriores do Catto. Fui arrebatada de imediato. Coloquei no repeat muitas vezes, até que decorei a letra. Letra linda, que eu interpreto nas entrelinhas e me vejo nela. Me imagino dentro dela, onde a realidade se mistura com fantasia em uma mente fértil, sem pudores, sem vergonha, que “Por onde esbarro o perigo” não existe, “Onde madrugada já não passa” e eu não preciso “Apagar as pistas e seguir “, nesse sonho sonhado e imaginado “Onde eu quis me perder, me deixar” por tantas vezes, “Por onde me devora o infinito” do desejo, do amor alimentado por carinho, gestos e palavras de afeto. Num sonho que se fez real, numa realidade que é quase um sonho, vivo a letra de “Dias e Noites” na voz do Catto e da Emilly.
“Apagar as pistas e seguir” virou um lema pra mim e pra Emilly.
O vídeo escolhido é da primeira vez que ouvi Dias e Noites ao vivo. O começo do meu “Apagar as pistas e seguir”.
ALAZÃO (Ednardo/Brandão)
(Mari Almeida)
A efemeridade está presente nessa canção, como as literaturas, especificamente as de língua portuguesa, utilizam-se do mito do cavalo para remeter à viagem, à passagem da vida, não há como se guardar.
Nesse sentido, Alazão retrata essa insaciável ida do cavalo, uma possível referência à liberdade da nossa alma, em que toda vestimenta e fortaleza indicam que sempre será necessário ir, independentemente qual seja esse caminho.
JURO POR DEUS
(Emilly Luciana)
Juro por Deus é um hino do empoderamento feminino, mesmo antes deste termo ser utilizado (Filipe visionário ❤). Retrata uma mulher (ou não) que, cansada de um relacionamento abusivo, dá um basta nesta situação e se põe em pé de igualdade com o seu parceiro, tipo se você pode eu também e paga numa versão 2.0 na mesma moeda. Além disso, amo essa música porque foi a primeira música do Filipe que me fez ter um relacionamento sério com o repeat, me fez passar vergonha no meio da rua (longa história hahaha), me fez cantar como louca embaixo do chuveiro entre outros mic… ops outras coisas.
Teve um episódio que me marcou imensamente, no pós show do Festival Abril Pro Rock, em Recife, estávamos aguardando o Filipe, e o Ricky disse: “Quero vocês amanhã em Goiânia” e eu brinquei “Só vou se Filipe cantar Juro por Deus“. Rimos. E, pra minha surpresa, Ricky chamou Filipe e contou a minha “chantagem” (Te amo,Ricky!). Filipe disse: “Não dá, amor… Não dá tempo de ensaiar”. Acho que fiz cara de choro, porque Filipe disse: “Se você quiser eu canto agora”. Fiquei: não, não precisa. Ele disse: “Você quer?” e começou a cantar minha música preferida à capela, olhando no meu olho #Socorroooooo. Foi um dos momentos mais lindos da minha vida! 😍
No final de semana seguinte teve show no Bar Brahma, voz e violão e Filipe cantou Juro por Deus e eu quase surtei. Por isso escolho este vídeo que virá…
Aproveito a oportunidade para pedir: Filipe, pelo amor de Cher, inclua esta música no seu repertório! 👉🏽👈🏽
CRIME PASSIONAL
(Angel Angélica Officinalis)
Eu escolhi essa música porque ela surpreende. Lembro exatamente de quando a ouvi pela primeira vez e de repetí-la várias e várias vezes para aprender a letra. A carga dramática e a profundidade da letra fazem dela uma das campeãs de “repeat” no meu player. A primeira vez que ouvi Crime Passional, ao vivo, no show de Filipe então…Nossa!!! Eu chorei de soluçar!! Você deve estar se perguntando o porquê e eu te respondo: – Nem eu sei explicar! Ao refletir sobre a canção, para escrever este texto, me dei conta de que assumi o eu lírico da música como sendo uma mulher, seria mesmo? Fui ouví-la novamente e concluí que a personagem que era deixada em casa por seu cônjuge, poderia ser uma mulher, um homem, uma travesti, bi …poderia ser de qualquer gênero! E a música começa assim…
Tem samba no meu quarto a noite inteira especialmente quando tu te vais
Tem samba quando diz que não me chegas
Que é para distrair o que me faz sofrer aqui demais
A traição é a forma encontrada para vingar-se do abandono emocional que sente.
Na madrugada tem perfume e vela
Pra atrair alguém que vem e traz alguma coisa que em ti me falta
Uma atenção singela pra deixar a noite em paz
Se for pra me ferir com teu silêncio
Respondo teu vazio com a paixão pra outros corpos que me satisfazem
O bar parece ser local mais aprazível, ao cônjuge, que a casa, a cama ou os braços da personagem.
Já que essa rua te acalanta muito mais que o meu colchão
Enquanto te convence para os outros, enquanto te bajulam pelo bar
A personagem clama por atenção, deseja, fortemente, que seu cônjuge tome uma atitude, mostre o que sente, que se importa, que deseja e que ama.
Não vês, nem por milagre, que tua casa pega fogo, espalha, luxuriosa, regozija.
Quando finalmente uma atitude é tomada, a vítima de abandono emocional é culpabilizada e desafia seu cônjuge sofrendo as consequências extremas do machismo : “
Até que um belo dia me culpaste
Disseste que assim não pode mais
Eu ri e disse: “vai, pode cantar vitória agora
Eu fiz mesmo e faria é de novo se tivesse…” mas…Três tiros irromperam a noite surda
Pr´um corpo de calor que se extinguiu
Me deu três beijos úmidos de lágrima
Selou meus olhos como um arrepio.
E o título da música faz sentido nos últimos versos e é quando o crime passional é cometido pelo cônjuge. Em tempos onde a intolerância e a falta de respeito ao outro reinam, é imperioso lutar contra o machismo, contra qualquer tipo de preconceito e contra qualquer forma de violência, principalmente aquela que se origina do machismo! Reflexão leva à mudanças de paradigmas e posturas, e a reflexão ativa pode mudar o mundo! Não será fácil mudar, mas também não é impossível!
Pra você que não sabe, o clipe dessa música foi gravado em São Leopoldo e foi o trabalho de conclusão de curso da diretora de fotografia Tanise.
Você encontra o making of do clipe na coluna Linha do Tempo da fanzine Filipe Catto em Foco.
AURIFLAMA (Thalma de Freitas/José Eduardo Agualusa)
(Maria Betânia Silva)
É uma bandeira poética que acena para o corpo, para a alma, para a vida.
Logo depois envolve tudo isso num só ritmo. É uma música de fusão
entre várias dimensões. É uma música de plenitude.
Quando ouvi Auriflama pela primeira vez pensei no fado, talvez por saber que se tratava de uma composição de Agualusa que, embora angolano, traz Portugal no nome e na sua História.
Mas o fato é que nos primeiros acordes, cada nota de Auriflama foi inflamando o meu coração de ritmo e o verso, me aquecendo de poesia: …onde o amor termina, amor, começa a morte, morte é a esquina onde o amor termina.
Eis o verso que me fez pensar ser Auriflama uma fusão de dimensões: penso que o amor não termina com a morte se depois dela houver memória.
Memória traz uma renovação ou até uma invenção do que foi vivido e enquanto a lembrança do que existiu estiver acesa, não haverá morte.
Porém, quando a lembrança daquilo que se viveu com amor se extingue, aí sim, dobra-se a esquina e o amor termina. O verso refrão é um verso pleno. Todos os significados estão nele.
É claro que Filipe merece todos os louvores pelo artista genial que é, mas ele tem muita sorte de ter vocês, acima de tudo, como fãs. Tão belos depoimentos só podem vir de pessoas especiais que vocês, com certeza, são. Parabéns! Se me permitem gostaria de registrar a minha preferida: Adorador. “…Sumiste de repente e eu me quedei dormente entre a sala e o corredor…” [isto é de uma solidão que dói!].Genial! O vídeo preferido dessa música é o de Campo Grande MS. Confiram! Grata e desculpem a intromissão! Beijos!
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