Memória: Lupicínio Rodrigues

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Caricatura de J.Bosco – Site: http://jboscocaricaturas.blogspot.com.br

Lupicínio Rodrigues, o poeta da dor de cotovelo

Lupicínio Rodrigues nasceu em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, em um bairro pobre da cidade, no dia 16 de setembro de 1914. Filho de Francisco e Abigail.

Lupicínio mostrou interesse pela música desde muito cedo. Na escola, se distraía muito cantando na sala de aula. Aos catorze anos, ele compôs sua primeira música, “Carnaval”. Desde jovem, frequentava a boemia e tinha duas amigas inseparáveis: a bebida e as serenatas. O pai não aprovava esse comportamento, por isso o obrigou a se alistar no Exército, aos quinze anos.

Lupi, como era chamado pelos amigos, continuou cantando e compondo. Como cantor, sua maior influência foi Mário Reis. E, como compositor, Noel Rosa, que ele conheceu em 1932. Ao ouvir Lupicínio cantar uma de suas músicas, Noel disse que o garoto ia longe.

Em 1935, Lupicínio Rodrigues saiu do Exército e voltou para Porto Alegre, onde foi trabalhar como bedel na Faculdade de Direito. No mesmo ano, venceu um concurso musical da prefeitura, em comemoração ao centenário da Revolução Farroupilha, com a canção “Triste história”, uma parceria com Alcides Gonçalves, que a gravou em 1936, junto com “Pergunte aos meus tamancos”, outro samba da dupla.

Lupicínio era um sambista descendente de negros, numa região em que predominavam as canções de origem europeia.

Sua consagração veio em 1938, com “Se acaso você chegasse”, que revelou a voz de Ciro Monteiro. Lupicínio jamais deixou Porto Alegre, só numa ocasião em que cantou para Francisco Alves, que passou a gravá-lo e se tornou um dos seus principais intérpretes. Músicas como “Nervos de aço”, “Esses moços”, “Quem há de dizer” e “Cadeira vazia” foram interpretadas pelo chamado “rei da voz”.

Orlando Silva, outro cantor importante da época, interpretou as canções “Brasa” e “Zé Ponte”. Pouco depois, Lupi obteve projeção nacional com “Felicidade”, resgatada com grande sucesso por Caetano Veloso em 1974.

No início da década de 1950 sua obra ganhou uma importante intérprete: a paulista Linda Batista. Em 1951, ela estourou com o samba-canção “Vingança”, talvez o maior sucesso do compositor. Em 1959, ele compôs a canção “Ela disse-me assim” gravada por Jamelão. Em 1960, uma regravação que Elza Soares fez de “Se Acaso Você Chegasse” transformou a música em sucesso novamente.

De tempos em tempos, Lupicínio Rodrigues é cantado, gravado ou homenageado. Zizi Possi, Maria Bethânia, Cazuza, Arnaldo Antunes, Adriana Calcanhoto e Filipe Catto são artistas que já gravaram suas músicas.

Ele se destacou como o criador da “dor-de-cotovelo”. A expressão fala sobre um estilo de canção que trata das desventuras amorosas. Segundo o poeta Augusto de Campos, suas músicas podem lidar com o banal, mas não são banais.

Há quem diga que Lupi não usava o violão para compor; criava assoviando. Ele dizia que das cerca de mais de 100 músicas de sua criação, aquelas que falam sobre um caso de amor, foram vividas por ele de verdade.

Um compositor com essa importância está na galeria dos artistas especiais e atemporais. Enquanto houver dores de amores, haverá lugar para suas músicas.

Fontes: http://educacao.uol.com.br/biografias/lupicinio-rodrigues.htm
http://dicionariompb.com.br/lupicinio-rodrigues/biografia
http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa6600/lupicinio-rodrigues

Texto de Christina Eloi

2 Comments

  1. Texto muito bem elaborado.
    Lupicínio foi a meu ver um dos mais importantes compositores de sua época. A dor de cotovelo fica muito mais amena ouvindo suas músicas. Ele merece. Obrigada Christina.

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