
” Sempre fui um cara muito centralizador no meu trabalho, e nesse disco (Tomada) eu queria delegar. Precisava deixar que as pessoas entrassem no meu trabalho, para que eu pudesse me renovar. Cada trabalho vem pra responder uma pergunta específica, e o Tomada vem para responder uma série de questionamentos: qual é o meu som? Quem é a minha turma? Até onde posso ir? O que pode ser diferente? Os artistas que eu gosto como Elis, Caetano, Cássia são pessoas que passaram por vários gêneros , e eu também gosto de exercitar isso em mim, mas queria encontrar um ponto central do meu trabalho, que eu acho que é a visceralidade e a entrega. Queria sair do pedestal de grande intérprete de MPB, que é uma coisa muito sagrada. E renovação sempre passa pelo momento de origem: em Porto Alegre, eu cresci dentro de uma cena de rock muito forte, e isso é muito presente nas minhas raízes. Minha gênese é de vocalista de banda, antes de ser um cantor de MPB. No Tomada eu precisava voltar a esse lugar de despojamento, para trocar de pele. “
Entrevista a Gustavo Foster – Segundo Caderno – Jornal Zero Hora, Porto Alegre, RS 17/03/16