
Ele é jornalista por formação, produtor, diretor e agitador cultural. Está sempre à frente de projetos importantes, envolvendo os maiores nomes de nossa música. Grandes lançamentos de discos, assim como shows históricos tem a sua assinatura. Thiago já foi premiado diversas vezes e acaba de receber o Prêmio da Música Brasileira, desse ano, edição em que Gonzaguinha foi homenageado. Ele já convidou Filipe Catto para participar de projetos importantes, tendo sido a primeira gravação oficial que Filipe fez , antes de lançar o CD Fôlego. Trata-se do CD coletivo “Uma flor para Nelson Cavaquinho”, de 2011, em que Filipe interpreta “Duas Horas da Manhã”. Essa gravação pode ser ouvida em nossa seção “Radinho de Pilha”.
Filipe Catto em Foco tem o enorme prazer de conversar com o produtor das estrelas, Thiago Marques Luiz!
FCEF -Quando foi que você descobriu que queria trabalhar com arte?
TML – Eu fui uma criança apaixonada por música, me tornei um adolescente apaixonado por música e um adulto sempre apaixonado por música. Quando eu tinha 15 anos de idade, comecei a escrever sobre música para um jornal de Guarulhos, que era onde eu morava. Eu estudei jornalismo, mas a vida me jogou logo na produção musical. Depois de formado, trabalhei muito pouco com jornalismo, comecei logo na produção musical e assim foi a vida.
FCEF – Qual foi o primeiro projeto que você realizou?
TML – O primeiro projeto que eu realizei, de visibilidade, está completando 10 anos agora. Foi um trabalho que fiz para a gravadora Biscoito Fino, chamado – Maysa – Essa chama que não vai passar. Um disco com 20 artistas cantando a obra da Maysa. Ney Matogrosso, Maria Bethânia, Bibi Ferreira, Alaíde Costa, Claudete Soares, Zélia Duncan, Beth Carvalho, artistas maravilhosos. Foi o projeto que deu mais visibilidade à minha carreira de produtor.
FCEF – Quando e como você conheceu Filipe Catto?
TML – Eu assisti um vídeo, na internet, do show que o Filipe fez no Sesc Pompéia, no projeto Prata da Casa, em 2010. Ele cantando Je ne regrette rien, Olhos nos olhos…Eu adorei esse vídeo e pensei, “nossa, que espetáculo esse menino, como canta”. Em seguida eu assisti ao Filipe cantando com a Cida Moreira, em um projeto da Patrícia Palumbo, no restaurante Dalva e Dito e fiquei apaixonado. Vi que era um grande talento. Fiquei de olho naquele menino maravilhoso e quando fui fazer o projeto em homenagem ao centenário no Nelson Cavaquinho, em 2011, eu chamei o Filipe para gravar nesse disco. Ele não tinha gravado ainda o CD dele, apenas o EP Saga. Acredito que tenha sido o primeiro convite que ele recebeu para participar de um projeto coletivo. Eu me lembro que quando ele foi gravar, eu fiquei muito impressionado com a segurança dele no estúdio. Ele, pra mim, sempre se revelou, de cara, um grande artista, um grande cantor. Extraordinário. De lá pra cá ele já participou de outros projetos que fiz como o do Gonzagão, Herivelto Martins, participou também do show de lançamento do projeto do Herivelto. Recentemente participou do show da Célia que produzi. É um cantor que eu estou sempre convidando, porque ele é uma pessoa que agrega. Aquele tipo de cantor que soma. Ele tem um ótimo relacionamento com as pessoas, com os músicos. Ele sabe se colocar diante da arte, diante da vida. Isso tudo facilita a gente gostar muito dele e, somado ao talento que tem, é uma parceria maravilhosa.
FCEF – Qual o show que você produziu e que te deu mais alegria?
TML – Seria impossível nomear apenas um. Eu tive shows memoráveis, lindos. Esse que estou produzindo no momento aqui de nossa entrevista, da Amelinha, é um show que amo. Uma cantora muito afetiva, uma voz diferente. Seria impossível mencionar apenas um. Fiz um show uma vez, com o Arnaldo Antunes, a Elza Soares e a Milena cantando Nelson Cavaquinho, no Sesc Pinheiros. Foi um show antológico. A Elza estava maravilhosa. Os shows que fiz com Cauby. Trabalhei 10 anos com ele. Fiz uma temporada longa com ele cantando Sinatra com uma Big Band. Fiz 31 apresentações do show Ângela e Cauby pelo Brasil. Algumas foram memoráveis. Muitos momentos lindos que já vivi.
FCEF – Cauby Peixoto. Você sempre teve um relacionamento de muita amizade e carinho com ele, além do profissional. Fale um pouquinho sobre ele.
TML – Cauby foi um presente que eu ganhei de Deus. Trabalhei 10 anos com ele, fiz shows maravilhosos, discos incríveis. Tive a oportunidade de emprestar o meu trabalho ao talento, ao prestígio dele. Um cantor que a carreira deu tudo pra ele. Tudo que um cantor sonha ter, o Cauby teve. Ele teve fama, teve dinheiro, teve o reconhecimento do público, dos colegas, uma missão maravilhosa. Eu fiz 10 discos com o Cauby e 2 DVDs, em 10 anos. Era uma relação de amizade e de admiração absoluta. Eu sou fã do Cauby. Seria impossível não ter me tornado fã depois que trabalhei com ele. Eu já era fã antes, mas depois que o conheci melhor… Foi uma perda muito grande pra mim. É uma lacuna. É um tipo, um gênero de cantor que acabou. Com ele acabou. Teve uma passagem do último dia em que ele se apresentou… Eu nunca contei isso pra ninguém, vou contar pra vocês…A última vez que ele esteve no palco, cantando, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Ele foi passar o som e já estava muito fraquinho. Estava de cadeira de rodas o tempo todo, não conseguia mais se locomover, a não ser na cadeira. Ele já tinha passado o som e os músicos continuaram tocando. E eu o tirando do palco, para o camarim e ele continuou cantando, com o microfone na mão, até lá dentro. Cantou até o fim. Essa é uma das passagens que me marcou, entre muitas outras.
FCEF-Trabalhar com arte no Brasil. Como você vê o atual cenário da produção cultural?
TML – Efervescente, né? Muita produção. Muito produtor, muito artista. Muita gente com talento, muita gente sem talento (risos). Pulverizou. A Internet ajudou e atrapalhou. É uma mão na roda. Nunca teve tanto disco. Não tem mais lojas de discos e nunca teve tantos discos. As pessoas lançam discos, gravam em qualquer lugar. Dentro de casa você grava um disco. Antigamente não. Você tinha que ter talento, ser contratado por uma gravadora ou ser milionário para bancar um disco seu. Claro que existe muito talento, mas as coisas se misturam muito. Os talentos e os não-talentos. Um turbilhão de coisas pra você escolher.
FCEF-Você também tem seus ídolos ou apenas amigos com quem trabalha?
TML – Os artistas com quem eu trabalho são os ídolos que eu tenho. Só trabalho com gente que eu gosto. Nunca trabalhei com artistas que eu não gostasse. Trabalho com artistas que eu já gostava, muito antes de ser produtor musical. Gostava quando adolescente, até quando criança. Então é um presente, né?
FCEF- Quais são seus futuros projetos?
TML – Eu tenho um projeto agora para o segundo semestre que são 3 grandes cantoras, cantando um grande compositor. Por enquanto é surpresa, mas posso adiantar pra vocês que vou fazer um barulhinho com isso aí (risos). Quero gravar DVD, CD… Fazer um trabalho bem legal, moderno. São 3 grandes cantoras, cada uma completamente diferente da outra e um compositor amado e adorado. Esse é o meu foco atual. E o prosseguimento do trabalho que tenho feito com outros artistas. Com a Wanderléa o lançamento do CD dela cantando Sueli Costa, agora no segundo semestre também. O CD da Ângela Maria apenas de voz e violão…O trabalho com a Maria Alcina “ De normal bastam os outros” que vamos prolongar até o final do ano, pra pegar o lançamento do DVD…
FCEF -Tem algum artista com o qual ainda não trabalhou mas que você adoraria?
TML – Tem um monte! (risos) Eu adoraria trabalhar com o Roberto Carlos, mas acho que esse sonho não vou realizar. Eu sou fã do Roberto. Sou louco por ele, mas ele já tem uma carreira solidificada e pessoas que cuidam dele, mas não custa sonhar, né?
Eu queria dizer uma coisa pra vocês. Eu adoro o Filipe Catto, acho que ele é um cantor extraordinário. E acho que ele só faz páreo para um outro cantor, que eu acho que junto com Filipe, são os dois maiores cantores da nova geração, em termos de cantor. Voz, atitude. Dois jovens que simbolizam, para mim, os dois maiores cantores jovens do Brasil: Filipe Catto e Ayrton Montarroyos. O Ayrton é uma voz extra-série! Ele e Filipe são completamente diferentes um do outro. Na escolha de seus repertórios, no timbre vocal, na postura de palco… São duas coisas maravilhosas, mas diferentes uma da outra. Eu acho que o Ayrton ainda é muito jovem, tem apenas 21 anos. Ele ainda vai florescer. Vai melhorar, mais ainda do que já tem feito. Eu estou produzindo o primeiro CD dele, que vai sair agora no segundo semestre e vai ser um disco muito lindo. O que me deixa muito feliz é saber que existe o Filipe Catto e o Ayrton Montarroyos. Nós perdemos o Cauby, mas temos dois grandes cantores. Eles não vão substituir o Cauby porque ele é insubstituível, mas acho que são cantores da escola do Cauby. Não na extensão vocal ou no jeito de cantar, mas são grandes vozes. Vozes de personalidade. Vozes que você ouve e já sabe quem é. O Brasil é o país das cantoras, não dos cantores. E tendo o Filipe e o Ayrton, nesse momento…Eu tenho certeza que eles vão gravar muito, vão cantar muito, vão ter uma carreira gloriosa pela frente e isso é maravilhoso. São joias que o Brasil ainda vai descobrir. Filipe e Ayrton estão apenas começando. Vão ter uma vida maravilhosa pela frente e vão ter (e nos dar) muitas alegrias.
Grande Thiago, …grande profissional, grande talento!!! É de pessoas assim, apaixonadas por suas profissões que o Brasil precisa!!
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Que delícia de entrevista !!!
❤ ❤ ❤
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Maravilhosa entrevista do querido amigo Thiago Marques. Um grande batalhador e profissional. Abraço Thiago.
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Esse Thiago Marques Luiz entende muito do assunto!!! Filipe e Ayrton são realmente as gratas surpresas que apareceram no cenário musical brasileiro!!! amo os dois!!!
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