
Nascida em 1901, Clementina de Jesus ou Rainha Quelé, como ficou conhecida, era neta de escravizados e trabalhou a vida toda como empregada doméstica até ser descoberta pelo compositor, produtor e pesquisador musical Hermínio Belo de Carvalho, em um bar do Rio de Janeiro. Ele percebeu, naquele momento, que a força ancestral daquela mulher de mais de 60 anos precisava ser conhecida. Com sua voz forte e grande carisma, Clementina chegou assim ao disco e aos shows e conquistou nomes como Milton Nascimento e João Bosco.
Sua ancestralidade africana e talento tiveram o reconhecimento que merecia lá fora e Clementina foi reverenciada e aplaudida na África e na Europa, mas como sempre, o Brasil trata mal seus artistas e ela faleceu aos 86 anos, em um 19 de julho, enfrentando dificuldades financeiras, praticamente esquecida e sem o apoio que precisava em seu país.
Quatro jovens universitários de São Paulo, Felipe Castro, Janaina Marquesini, Luana Costa e Rachel Munhoz foram responsáveis por romper, em parte, essa injustiça ao fazerem como trabalho de conclusão de curso uma completa e profunda pesquisa sobre a vida e obra deixada por Clementina que resultou na publicação de um livro de 384 páginas, pela Editora Civilização Brasileira, em 2017: Quelé, a voz da cor – Biografia de Clementina de Jesus. Que bom saber desse registro importante que imortaliza essa figura tão importante da música e da cultura negra brasileira.