“Quando conheci o Filipe Catto, a voz dele acertou diretamente na minha cabeça. Achei ele tão similar às minhas ideias, em suas letras, mas só depois que fui levar a sério o quanto podemos nos conectar com a música de alguém. Com o tempo fui conhecendo a figura dele e acho que é uma trapaça da Deusa nós sermos do mesmo signo. Não sei que coração é esse que conecta o libriano apenas ao mais intenso daquilo que ele mesmo pode provar. Sou muito fiel a esse artista: ouço, leio e até comento. Sinto uma conexão forte, assim como a minha mão esquerda está ligada à cabeça enquanto durmo.
Vi o Catto poucas vezes pessoalmente. A primeira vez foi na rua: minha amiga que avistou. Tiramos fotos e deu pra sentir o quanto ele é perfumado! Alguns anos depois fui a um show dele, cantando Cassia Eller. Fui sozinho, como quem tem segredo próprio, e não vai falar sobre, apenas vai sentir o doce néctar daquilo que não é tão cristão. Chorei tanto, foi tão bonito. Catto parecia um “cavalo” da Cassia Eller, com o cabelo ao vento. Fiquei 5 horas na fila. Cheguei cedo para retirar senha, peguei caminhos de sol, mas quando a primeira nota saiu da boca dele, meu olho esbugalhou e eu chorei como quem recebe um ano novo. Nunca vou esquecer. Depois fui ver o show do disco Ascensão. Nesse eu não chorei, só fiquei olhando aquele monstro no palco imenso, todo de branco, cantando para o Orixá Obaluaiê. Ainda hoje, em alguns rituais que participo, numa casa de Iemanjá, peço para cantar essa música de Serena Assumpção e ovacionando como um bom fã digo: ‘’Quem canta é o Filipe Catto’’.
Ser fã de Filipe Catto é entender o papel da arte e do artista na sociedade. Incrível como a voz de um anjo pode fazer tantas emoções ecoarem dentro de outras pessoas. Existe um carinho muito grande e isso é inesquecível. O cuidado do Filipe com o que o público está consumindo me deixa grato por estar há anos na mesma saga, ligado na tomada, dentro da torrente, sentindo o diamante da voz.
Espero que no amanhã o artista Filipe Catto esteja vivo, presente e com o destino marcado em todas as cartas, baralhos, búzios, na arte, compondo, sendo extremante sincero com o que cria, assim como é brilhante.
Agora percebo que por tantas outras vezes eu ouvia Filipe Catto e tinha uma visualização amorosa, apaixonada e hoje ouço como um protesto espiritual de almas na busca de um bem maior. Filipe, que você esteja sempre ecoando a sua linda voz em oração a tudo que principia na sua própria forma divina. Axé sempre!
Sua nota é um show.”
(Luis Bonfá, artista plástico, SP)