Catto por ele mesmo

📷 Lorena Dini

Há três anos, Filipe postou esse texto, contando tudo sobre seu disco CATTO. Achei interessante repostar aqui pra ficar registrado nesse espaço. Enjoy it.

“CATTO é como eu me chamo na certidão. Como meus amigos me chamavam na escola. Como as pessoas se referem a mim. A cara que eu mostro ao mundo.
Este disco é uma celebração do meu retorno de Saturno. Meu brinde à beleza absoluta de tudo. Minha indulgência. O privilégio de poder contar com compositores e colaboradores que eu amo e admiro em todos os níveis. As camadas de som, palavras, imagens e catarses da minha mente. Todos os segundos que eu vivi pra cantar estas canções. E principalmente, a sincronicidade que me trouxe até elas.
Conheci o Felipe Puperi através de amigos que me apresentaram o trabalho de produtor musical que ele vinha desenvolvendo paralelamente a sua banda Wannabe Jalva. Estava em Porto Alegre no verão e fiquei curioso com aquele som tão universal que estava sendo feito na minha terra natal. Resolvi ligar pra ele e convida-lo pra beber. A cerveja virou o projeto de um single, o projeto de um single virou um disco. Estávamos na minha casa em São Paulo e o vinho se multiplicou em ideias e a clareza absoluta de que ele era a pessoa certa pra me acompanhar dentro do labirinto do Minotauro. Naquela noite tudo se iluminou como um raio. Tínhamos uma atmosfera, uma estética, um título e o desejo de adentrar os caminhos do sonho. Abrir as portas dos timbres e texturas para possibilidades sem limitações de tempo, orçamento, expectativas e resultados. Apenas a experiência de criar uma obra de arte.
Ali mesmo o repertório se revelou, sem nenhum mistério. Eram as músicas que queriam se comunicar através de mim naquele momento. “Como um Raio”, “Faz Parar”, “Arco de Luz”, “Um Nota Um” e “Canção de Engate” já faziam parte do meu imaginário há alguns anos. Cantei algumas destas músicas em minhas apresentações e todas faziam muito sentido poético no universo que se desenhava. Zélia e eu tínhamos escrito “Só Por Ti” há alguns meses e eu queria muito registrar nosso dueto, finalmente gravar com minha grande amiga e irmã gêmea fazendo esse jogo de espelhos entre nossa androgenia. “É sempre o mesmo lugar” foi presente inédito do Rômulo Fróes e do Cesar Lacerda, de quem eu já gravaria “Faz Parar”. “Eu não quero mais” surgiu depois de umShow de Vitor Araujo, quando estávamos todos apertados em um táxi e o Igor de Carvalho me disse: “Irmão, tem uma música que eu fiz com Juliano Holanda que diz assim: eu não quero mais pouco, eu quero mais é que você se foda” e eu resolvi gravar ali mesmo, assim que ele terminou de cantar.
“Torrente” nasceu de um desejo meu e do Fábio Pinczowski de fazer uma música épica com sobrevoos, dublês, paisagens e feitiços. “Lua Deserta” foi escrita no meio de uma trepada torrencial em frente à lareira de um hotel casino em Mônaco. Coisas da vida. O nascimento de Vênus, a aventura dos sentidos, a madrugada que eu guardava em minha música, o mundo inteiro que eu carrego em uma lágrima. É meio sobre isso; tudo isso.
Fiz esse disco com o que eu tinha na mão num momento de profunda descoberta pessoal. Não foi difícil e não foi doloroso. Foi delicioso e cheio de amor, de descobertas, noites gloriosas e dias na praia. Fiz esse disco com amigos – do figurino às fotos, da maquiagem à mix, do repertório à fonte do encarte. Juntos. Desde o “Tomada”, meu processo era de abandono e busca do que era essencial. Hoje eu percebo que fui bem sucedido em apertar o botão. A vida veio na torrente, as marés encheram, os parâmetros mudaram. No abismo, minha natureza se iluminou, e eu me vi cercado de pessoas incríveis que quiseram erguer esse castelo no ar comigo.
E foi maravilhoso perceber que estas pessoas sempre estiveram lá.
Pessoas que me conhecem desde sempre. Pessoas que bebem comigo, que já me deram banho gelado, que já me beijaram, que já me viram chorar, que já me ouviram cantar na cozinha. Aquelas que a gente menos espera. Estavam lá, com as mãos cheias de ouro, incenso e mirra pra ofertar ao fruto da minha alma.
Pessoas que me chamam de CATTO.”
❤️
(Filipe Catto em 27/11/17)

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