
Em 11 de novembro de 1917, falecia, aos 95 anos de idade, em uma cidadezinha do Maranhão, Maria Firmina dos Reis, mais uma entre tantas brasileiras à frente do seu tempo e que se tornaram praticamente invisíveis devido ao machismo tóxico reinante desde sempre.
Filha de um branco e de uma ex-escrava alforriada, Maria Firmina foi professora concursada e escreveu o romance “Úrsula”, que foi publicado em 1859, portanto em pleno regime escravagista. Ela é a primeira escritora brasileira e em seu livro os personagens de destaque são os então escravizados, vistos de forma até então inédita na literatura. É um dos primeiros posicionamentos críticos à escravidão a ser focalizado em um romance.
Maria Firmina publicou contos e poemas nas revistas da época, além de ter sido a responsável por criar a primeira sala de aula mista no pais. Também foi musicista e compositora.
A obra de Maria Firmina ficou praticamente esquecida até os anos 1960, quando foi redescoberta e teve alguma divulgação. Uma das mais lindas e justas homenagens e reconhecimento ao seu trabalho inovador foi o cd CANTOS À BEIRA-MAR da cantora e compositora SOCORRO LIRA que musicou poemas de Maria Firmina dos Reis. Vale a pena conhecer esse disco que traz para os dias de hoje as ideias e o pensamento inovador de uma pioneira. Alguém que lutou pelos direitos das mulheres (tendo nascido no ano de 1822), da população negra e que merece ter seu nome no lugar que lhe pertence: em destaque na história da cultura brasileira.