Memória: Elke Maravilha

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📷 Luiz Teixeira Ribeiro

A grande arte não é viver, é conviver.” (Elke Maravilha)

Elke Georgievna Grünupp nasceu em Leutkirch, Alemanha, bem no finalzinho da 2a Guerra Mundial e não na Rússia, como gostava de dizer. Sua mãe era alemã e o pai russo. Tendo passado um tempo preso na Sibéria, o pai da menina achou que era melhor procurar outro país mais seguro pra criar seus filhos. E assim que a guerra terminou a família Grünupp escolheu o Brasil, mais especificamente Minas Gerais (Itabira) para viver.

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Junto a dois irmãos, Elke se tornou uma jovem linda, alta e bem culta, falando várias línguas. Estudou Letras e chegou a trabalhar como professora de idiomas, secretária, bancária e até bibliotecária, mas ela acabou sendo convidada para ser modelo e sua vida mudou.

Em seu trabalho como modelo, a jovem Elke desfilou para a estilista Zuzu Angel, de quem se tornou grande amiga. Estávamos em plena ditadura e o filho de Zuzu, Stuart Angel tinha sido sequestrado e morto pelo regime. Elke estava no aeroporto e viu uma foto de Stuart Angel sendo procurado como  “terrorista”. Ela não suportou aquela injustiça e rasgou o cartaz. Isso foi o bastante para ser presa por uma semana e ter sua cidadania brasileira cassada. Como tinha também a cidadania alemã, ela passou a ser uma alemâ vivendo no Brasil.

Sendo uma mulher totalmente livre, defensora dos direitos humanos e feminista, Elke logo se encontrou na carreira artística e seu primeiro trabalho foi na TV Tupi, em uma novela. Isso no início dos anos 70. Com seu carisma e sua simpatia, ela começou também a fazer cinema, mas foi fazendo parte dos programas de auditório na TV que Elke conseguiu ser conhecida e amada por todos. Trabalhou com Chacrinha e depois com Silvio Santos.  Seus figurinos sempre exuberantes, perucas e muitos acessórios marcaram sua trajetória e mesmo sendo amada pelas crianças, ter filhos nunca foi um desejo seu.  Teve oito casamentos e seu modo livre de ser lhe rendeu até um convite para ser a madrinha da Associação das Prostitutas do Rio de Janeiro, quando foi criada.

Aos 71 anos, Elke Maravilha foi internada para tratar uma úlcera no duodeno, mas após dois meses no hospital não resistiu e veio a falecer no dia 16 de agosto de 2016. O Brasil perdia a sua Maravilha. Uma artista que irradiava vida por onde passasse e que fazia a alegria de todos que a assistiam na TV, sempre com seu sorriso largo, sua voz doce e acima de tudo sua sabedoria.


Em janeiro de 2017, a família de Elke Maravilha fez um bazar, em São Paulo e também no Rio, onde colocou à venda muitos itens pessoais da artista. Roupas, anéis, pulseiras, colares, acessórios de cabeça, sapatos e objetos de decoração. Qualquer pessoa podia visitar a exposição e comprar o que quisesse. Filipe Catto comprou um tipo roupão, cor de laranja, que Elke usava em casa.

Acima, fotos da exposição para a venda dos acessórios que aconteceu em uma galeria, na Rua Frei Caneca, SP  📷Klaudia Alvarez

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Elke e Itamar Assumpção – sem crédito

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