
“Eu odeio cozinha, como todo dia fora de casa. Dessas coisas femininas, eu só tive uma porrada de filhos. E isso porque eu gostava de transar.” (Suzana Amaral)
A cineasta Suzana Amaral que, infelizmente, nos deixou há pouco mais de um mês, aos 88 anos de idade, devido a complicações decorrentes de um AVC que a acometeu, há um ano, talvez seja o melhor exemplo de que nada impede a realização de um sonho.
Em 1968, casada e com oito filhos, ela decidiu fazer a Escola de Cinema da ECA, na USP, onde um de seus filhos também começara a estudar um ano antes. Após a graduação ainda teve mais um filho e começou a trabalhar na TV Cultura, produzindo e dirigindo vários curta-metragens e séries.
No final dos anos 70 ela faz mestrado em direção de cinema e curso no Actor’s Studio de Nova York e quando retorna ao Brasil faz seu documentário “Minha vida, minha luta”. Ainda em Nova York ela já começa a pensar na realização do que seria seu primeiro longa metragem e o trabalho que mais marcaria sua carreira: “A hora da estrela”, baseado no romance de Clarice Lispector e tendo Marcélia Cartaxo como protagonista. O filme recebeu vários prêmios nos festivais de Brasília, de Havana e o Urso de Prata, em Berlim, de melhor atriz para Marcélia Cartaxo. Ele também entrou para a lista dos 100 melhores filmes já feitos no Brasil de todos os tempos.
Ao mesmo tempo em que se dedicava a dar aulas na USP, Suzana ainda realizou mais dois longas em sua carreira: “Uma vida em segredo”, de 2001 e ” Hotel Atlântico”, de 2009. Suzana tinha planos de realizar mais um filme, mas não deu tempo. Um grande nome do cinema brasileiro.
Nesta sexta-feira, 31/7, 19h, live sobre o filme “A hora da estrela” no canal do Paralelas Cineclube no You Tube.