“Cláudia é uma das pessoas mais dignas que conheço. E aqui preciso deter-me um pouco para explicar o que significa, para mim, “digno” ou “dignidade”. Nem é tão complicado: dignidade acontece quando se é inteiro. Mas o que quer dizer ser “inteiro”? Talvez, quando se faz exatamente o que se quer fazer, do jeito que se quer fazer, da melhor maneira possível.” (Caio Fernando Abreu)

Há nove anos, falecia em São Paulo, a multiartista trans Cláudia Wonder. Talentosa e dona de um carisma incrível, Cláudia se destacou no meio artístico paulistano por suas performances impactantes em casas noturnas da cidade, principalmente nos anos 80. Foi vocalista de duas bandas de rock (inclusive com CD gravado) e também atuou em filmes e em peça de Zé Celso Martinez Corrêa.
Lançou também um livro onde conta sua história de vida, superação e seu desabrochar como Cláudia Wonder. Foi tema de um documentário – Meu amigo Cláudia – de Dácio Pinheiro, que circulou, com sucesso, por festivais de cinema.
Grande defensora dos direitos e, sobretudo uma grande militante em defesa da população LGBT, Cláudia atuou com firmeza e dedicação em uma ONG do centro da cidade, proporcionando justiça e conforto a pessoas sem esperança e que com ela encontravam um porto seguro e um motivo pra continuar lutando por suas vidas e seus direitos fundamentais.
A defesa e proteção da população LGBT, principalmente aquela mais humilde e totalmente marginalizada e hostilizada pela sociedade conservadora e hipócrita, perdeu muito com a morte de Cláudia em 26/11/10. Uma grande cidadã brasileira que merecia ser mais reconhecida e reverenciada pelo ser humano especial que foi e pela quantidade de gente que beneficiou em sua vida.