
Há exatos 25 anos, fazendo hoje, o Brasil perdia um de seus poetas mais líricos (e às vezes bem irônico) e alguém que realmente viveu a vida em que acreditava: Mario Quintana. (Sem acento mesmo. Foi registrado assim e dessa forma assinava!)
Gaúcho de Alegrete, estudou em colégio militar e trabalhou grande parte de sua vida como jornalista e tradutor. Com seu jeito simples e sorriso tímido, Mario conquistou não só muitos leitores como também admiradores entre seus pares, como Manoel Bandeira, que chegou a fazer um poema em sua homenagem: o Quintanares.
O poeta vivia sozinho e morava em hotéis. Em um deles, o Majestic, ficou por muitos anos. Tombado pelo patrimônio histórico nos anos 80, o prédio rosa e estiloso se transformou na Casa de Cultura Mario Quintana e vale muito a visita pra quem for à Porto Alegre. Uma das salas traz o quarto mobiliado e montado do jeito que o poeta usava, em todos os seus detalhes.
Mesmo tendo concorrido, por três vezes à uma vaga como imortal da Academia Brasileira de Letras, Mario não recebeu a honraria, o que não o impediu de estar na categoria de um dos maiores poetas brasileiros. Recentemente o artista plástico Kobra fez um lindo painel em sua homenagem (foto principal desta matéria).
Canção do dia de sempre
Tão bom viver dia a dia
A vida assim, jamais cansa
Viver tão só de momentos
Como estas nuvens no céu
E só ganhar, toda a vida
Inexperiência, esperança
E a rosa louca dos ventos
Presa à copa do chapéu
Nunca dês um nome a um rio
Sempre é outro rio a passar
Nada jamais continua
Tudo vai recomeçar!
E sem nenhuma lembrança
Das outras vezes perdidas
Atiro a rosa dos sonhos
Nas tuas mãos distraídas
“No fim tu hás de ver que as coisas mais leves são as únicas que o vento não conseguiu levar: um estribilho antigo, um carinho no momento preciso, o folhear de um livro de poemas, o cheiro que tinha um dia o próprio vento”
“Quando duas pessoas fazem amor
Não estão apenas fazendo amor
Estão dando corda ao relógio do mundo”
“-Eu amo o mundo! Eu detesto o mundo!
Eu creio em Deus! Deus é um absurdo!
Eu vou me matar! Eu quero viver!
-Você é louco? -Não, sou poeta.”