Memória: Cecília Meireles!

Cecilia

“Eu canto porque o instante existe

E a minha vida está completa

Não sou alegre nem sou triste, sou poeta!”

(Motivo)

Cecília Meireles nasceu em 7 de novembro de 1901 no Rio de Janeiro. Aos 18 anos de idade, em 1919, publicou seu primeiro livro de poemas – Espectros.  Em uma época extremamente machista, ela se destacou por fazer uma poesia extremamente lírica, mas também recheada de aspectos modernistas, barrocos e parnasianos.

Órfã de pai e mãe, antes dos 3 anos de idade, Cecília foi criada pela avó materna, e em suas próprias palavras, a convivência com a morte, desde muito cedo, deu-lhe a perfeita dimensão entre o eterno e o efêmero. Solidão e silêncio foram os ingredientes que moldaram sua literatura e a transformaram em um dos maiores expoentes da poesia feminina do país.

Sua obra mais conhecida é o “Romanceiro da Inconfidência”, de 1953. Formada pela antiga Escola Normal, atuou como professora e como jornalista, mas foi na poesia que ela pode expressar todo o lirismo de sua alma. Faleceu aos 63 anos de idade, vitimada por um câncer.

 

Segundo motivo da rosa

Por mais que te celebre, não me escutas,
embora em forma e nácar te assemelhes
à concha soante, à musical orelha
que grava o mar nas íntimas volutas.

Deponho-te em cristal, defronte a espelhos,
sem eco de cisternas ou de grutas…
Ausências e cegueiras absolutas
ofereces às vespas e às abelhas.

E a quem te adora, ó surda e silenciosa,
e cega e bela e interminável rosa,
que em tempo e aroma e verso te transmutas!

Sem terra nem estrelas brilhas, presa
a meu sonho, insensível à beleza
que és e não sabes, porque não me escutas…

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