Papo Afinado: Isabela Moraes

IMG-20180608-WA0004
Foto de Radja Lins

Ela é muito jovem, mas já tem 20 anos que se dedica à carreira de cantora/compositora. Nasceu em Caruaru, PE, mas é do mundo. Uma incrível compositora, com letras que falam das alegrias e dores de viver, dos relacionamentos e dos questionamentos de viver. Alguém que vive e fala do seu (nosso) tempo. Grata à Isabela Moraes pelo encontro e à Radja Lins que tornou isso possível.

FCEF – Isabela, em primeiro lugar, agradecendo sua gentileza em nos conceder essa entrevista e pra começar, fale-nos um pouco sobre seu histórico familiar, se tem mais alguém da sua família que seja ligado à arte.

IM – Profissionalmente não tem ninguém trabalhando com música na minha família. Só eu que enveredei por esse lado musical, profissionalmente falando, mas meu pai amava poesia e reunia, lá em casa, um monte de amigos pra fazer poesia. Um dava o mote, os desafios de cantadores rolavam lá na sala mesmo. Ele gostava muito de realizar esses momentos lá na sala de casa.

FCEF – Quando foi que você resolveu que queria ser artista?

IM – Foi com 18 anos de idade que eu tive certeza do que queria, mas eu escrevo desde criança. Eu já alimentava isso, de uma certa forma, só que eu não assumia ainda pra mim.  Com 18 anos eu assumi a decisão de seguir a carreira de cantora. Fazendo minhas canções e sendo intérprete de outras pessoas também. Fui fazer os barezinhos, cantar na noite, lá em Caruaru.

FCEF – A primeira letra que você escreveu, você se lembra dela?

IM – Eu lembro! Eu tenho uma agenda, em casa. Estava revisitando essa agenda esses dias. Tenho tudo que eu escrevo, desde criança. Tenho papéis, agendas… A primeira letra que escrevi tem o título de “Deixou”. É meio neutro, no ar (risos). Só não lembro como cantar.

FCEF – Você tem ideia de quantas letras já escreveu até hoje?

IM – Essa pergunta é muito difícil, porque a composição para mim é um exercício, então estou sempre em exercício. Desses exercícios, algumas eu escolho para cantar nos shows. Ando sempre com um bloquinho, uma caneta na bolsa. Estou em constante exercício. Também uso o gravador do celular. Eu nunca paro. Tudo que está em movimento ao meu redor ou internamente é sempre um mote para eu estar criando ideias. Não tenho realmente noção de quantas canções já fiz. É muita coisa, porque desde criança que vivo nessa prática de escrever.

FCEF – Qual foi a sua primeira canção gravada?

IM – Minha primeira canção gravada foi por Paulo Neto, cantor e compositor pernambucano que admiro. Fiquei muito emocionada quando isso aconteceu.

FCEF – E parcerias, você tem?

IM – Eu tenho alguns parceiros. Não muitos, porque parceria é uma conexão muito natural, que se tem que ter. Tenho parcerias com P.C. Silva, Pablo Patriota, Paulo Neto, com quem tenho uma conexão muito fácil. Já compus também com Almério, Mariana Aydar, Paulo Monarco e Raul Misturada.

FCEF – A Mariana Aydar vai gravar uma canção sua no próximo disco dela?

IM – Sim! Acredita que mais de uma. Uma com certeza, porque já foi gravada. E ela já canta “São João do Carneirinho”, que é uma música minha, nos shows dela.

FCEF – Fale um pouco sobre a Internet e a divulgação do trabalho por esse meio.

IM – A Internet é uma ferramenta cujo poder estamos começando a entender agora. Estamos aprendendo a manipulá-la de uma forma que nos favoreça. E ela tem um poder maravilhoso de atrair um público muito fiel para o nosso trabalho. Ela veio como uma soma revolucionária na vida dos artistas independentes. Ela nos traz essa força. Temos o público que vamos conquistando através dela e o público nos leva para os produtores, para os lugares onde almejamos cantar e precisamos estar. É o caminho inverso. A Internet veio como uma ferramenta revolucionária mesmo.

FCEF – E disco seu? Como está isso?

IM – O meu primeiro disco ainda está em processo. Interno, externo. Acredito que seja uma coisa a longo prazo ainda. Graças a Deus, música não falta. Quando eu entrar em estúdio, vai ser uma coisa muito rápida, mas até chegar nesse momento, preciso resolver algumas questões internas.

FCEF – Depois de morar 5 anos em São Paulo, você voltou para Caruaru. Como é isso?

IM – Eu vou sempre morar aonde a música me levar. Isso é uma coisa muito mágica com que a música nos presenteia. Ela nos leva a conhecer muitos lugares, morar em lugares nunca antes pensados. Atualmente estou mais por Pernambuco, mas passei 5 anos maravilhosos aqui em São Paulo. Um tempo de plantar muita coisa, de aprendizado forte, de ficar mais forte para pousar em outros lugares também. Eu vivo viajando. Quem é músico independente no Brasil está onde o povo está. Onde a música nos sopra é onde estamos.

FCEF – Quais suas maiores influências dentro da música pernambucana ?

IM – Desde criança eu escuto muito Luiz Gonzaga e tenho uma influência muito grande dele em minhas canções.

FCEF – Fale um pouco agora sobre a sua participação no evento dos 20 anos da Rádio Vozes, o projeto da Patricia Palumbo, que aconteceu no Sesc Pompéia.

IM – Que dia tão emocionante! Foi um convite abençoado, eu fiquei muito emocionada mesmo. Veio em um momento em que eu estava refletindo sobre os meus 20 anos de carreira e vem esse convite da Patrícia e para mim surge como uma resposta mais incentivadora ainda mostrando que você está no caminho certo, fazendo aquilo que você escolheu para a sua vida. Eu vejo como um farol aceso, apontando para a música que você faz. Eu acho que Patricia é uma força muito grande na música brasileira, é uma pessoa muito influente e a missão dela é muito importante no Brasil. Ela é uma disseminadora de arte muito forte. Não é à toa que ela está aí comemorando os 20 anos de Rádio Vozes. Maravilhosa!

FCEF – E para terminar: Filipe Catto!

IM – A primeira vez que a voz de Filipe chegou para mim, foi através de Paulo Neto. Ele colocou o trabalho de Filipe para eu escutar e fiquei arrebatada por aquela voz, aquela composição. Me arrepiei completamente e falei: tem coisa grande aí. Tem coisa grande vindo de novo para a música brasileira. Filipe me arrebatou pela voz e em seguida vim a conhecê-lo pessoalmente através de Mariana Aydar. Eu já tinha cruzado com ele também no show dos Não Recomendados. Quando eu o conheci pessoalmente pude ver o quanto ele é doce, além de talentoso. Uma pessoa gentil demais.

Leave a Reply

Fill in your details below or click an icon to log in:

WordPress.com Logo

You are commenting using your WordPress.com account. Log Out /  Change )

Twitter picture

You are commenting using your Twitter account. Log Out /  Change )

Facebook photo

You are commenting using your Facebook account. Log Out /  Change )

Connecting to %s