Leila Diniz
(Christina Eloi)
Elas querem é poder!
Toda mulher quer ser amada
Toda mulher quer ser feliz
Toda mulher se faz de coitada
Toda mulher é meio Leila Diniz
(Rita Lee – música: Todas as mulheres do mundo)
Em 25 de março, Leila Diniz faria 73 anos. Considerada uma das brasileiras mais marcantes do século XX, jovem ousada, rompeu barreiras e tabus no final dos anos de 1960. Atriz de teatro, cinema e televisão. Irreverente, chocou os conservadores com suas declarações. Foi alvo de muitas críticas por uma entrevista polêmica dada ao jornal o Pasquim. Sua fala era repleta de palavrões o que fez com que os censores colocassem asteriscos em todos eles. Segundo Jaguar, um dos jornalistas que participou da entrevista, o jornal parecia a via láctea, tal era a quantidade de estrelinhas em suas páginas. Na entrevista, a atriz fala sobre amor e sexo, escandalizando a sociedade brasileira da época.
Leila gostava de causar polêmica e parecia querer provocar essa sociedade rígida onde tudo era proibido. Casou-se aos 20 anos com o cineasta Ruy Guerra e logo ficou grávida. Mais uma vez foi manchete de jornais e revistas ao aparecer na praia vestindo um pequeno biquíni e mostrando sua enorme barriga. Claro, que isso foi mais um motivo de severas críticas para aqueles que a julgavam como uma mulher escandalosa e que envergonhava as mulheres de bem desse país governado por militares e onde qualquer fato que não estivesse enquadrado dentro de um rígido padrão de normas e condutas, era visto como subversivo.
Apesar de ter grande popularidade por conta de seus trabalhos no cinema e na televisão, seu comportamento e estilo de vida dividiam opiniões. Foi perseguida sutilmente pelos sensores o que dificultou seu trabalho, pois passou a ser excluída dos elencos de filmes e novelas.
Leila parecia querer quebrar esses paradigmas e não tinha medo de se expor. Falava abertamente de sua vida pessoal. Mesmo sendo alvo de duras críticas e julgamentos rigorosos. Era uma mulher feliz e aparentemente, muita tranquila e segura com o jeito que vivia sua liberdade. Ela revolucionou o comportamento feminino de sua geração e incomodava aos conversadores, quando defendia o amor livre. Infelizmente, morreu cedo, num acidente de avião. Assim, nasceu a diva.
Não sei se ela gostaria do papel que suas ações tiveram, principalmente depois de sua morte, mas ela serviu de “modelo” para que as mulheres pudessem se colocar e sustentar seus desejos, uma espécie de ícone do revolução do comportamento feminino. Considerada precursora do feminismo brasileiro, que ela exercia de forma intuitiva e que influenciou as futuras gerações.
Leila inspirou Rita Lee que escreveu uma canção em que diz: “toda mulher é meio Leila Diniz”. E, se pensarmos nessa frase, ela é realmente verdadeira. Somos sim, meio Leila Diniz quando, em nosso cotidiano, temos mais liberdade de lutar por nossas escolhas. Mas, não somos Leila Diniz também, quando percebemos que ainda temos muito que lutar e nos apropriarmos daquilo que queremos e de quem somos, como ela fez lá no início dos anos de 1970.
Fonte: Biografia Leila Diniz