Fã de Carteirinha: Maria Betânia Silva

Ernane Galvão 7
Foto de Ernane Galvão

Antes e Depois dos Vinte Anos

Diz o ditado popular: “aquilo que os olhos não vêem, coração não sente” mas a verdade desse ditado não se realizou quando ouvi Catto pela primeira vez, através do rádio do carro. A canção que tocava era “Vinte e Poucos Anos”. Eu a ouvi e fiquei paralisada, prestando atenção àquela voz, àquela interpretação doce e diferente, que conferia à música uma nova identidade. Posteriormente, foi a vez de ouvir Saga e, em seguida, Adoração. Até aí meus olhos não tinham visto nada, só o meu coração pulsava mais forte, como se ele se alargasse e ocupasse todos os espaços do meu corpo. Vivia, ainda sem saber e com a intensidade que sempre tivera antes dos meus vinte anos, o reencontro com a música.

Ouvir música sempre foi um dos meus maiores prazeres. Por muito tempo as minhas manhãs de domingo eram dedicadas a isso. Acordava e já começava… frequentemente esquecia de tomar o café da manhã, ocupada com a troca de LPs na vitrola (sou dessa época!), mesmo quando sobre a mesa havia um bolo de chocolate ou de milho bem convidativo. A vitrola tocava e eu acompanhava tudo, lia as letras de todas as músicas que constavam no encarte do LP e também me esgoelava, cantando! Esse prazer se prolongava, não raro, até a hora do almoço quando, então, começava a ouvir o meu estômago em alto e bom som.

Pois bem, foi nesse primeiro encontro com a voz de Filipe Catto que essa memória musical veio à tona e isso atiçou o meu interesse em descobrir quem era esse jovem talentoso que hipnotizava meus ouvidos antes de fazer o mesmo aos meus olhos. Foi por mera coincidência que, um dia na casa de uma amiga, vi o DVD de Filipe. Depois disso, a internet passou a ocupar o lugar da vitrola nas manhãs de domingo: entrevistas, vídeos regados à voz de vinte e poucos anos, eram agora a delícia sobre a mesa, na tela e na vida.

Com Filipe o meu prazer musical foi retomado (já que as obrigações do cotidiano, aquelas próprias da vida em outra fase haviam me distanciado disso) e, ainda, se intensificou, renovando-se. Muitas vezes em conversas com amigos sobre música o papo corre solto; em geral, porém, percebo que é o delírio do passado, daquilo que lhes tatuou os ouvidos; nesse momento eu lhes apresento Filipe Catto e logo todos reconhecem em mim uma empolgação que eles já não experimentam há muito tempo. Dou a dica, instigo e vou na valsa, cantarolando.

Entre os amigos jovens o interesse pela descoberta dessa nova voz da MPB e para além dela parece que está no DNA; entre os mais velhos e, conservadores, o interesse ressurge e, entre todos os que – como eu – se lançam no prazer das descobertas e das coisas boas da vida, Filipe diva!!!!!

E espero que continue assim para além de um tempo, que atravesse os tempos, levando as gerações passadas e futuras a uma eterna gratidão por sentir a arte em forma de música.

(Maria Betânia Silva)

*Nota de FCEF: Não ilustramos essa matéria com uma foto de Filipe e Betânia, porque, infelizmente, ela ainda não o assistiu ao vivo. Torcemos para que isso aconteça logo!

1 Comment

  1. Que bonito relato sobre Filipe Betânia. Torcemos para esse encontro acontecer. Que a voz dele, sua música, sua arte, atravesse os tempos, como bem você disse é, que mais pessoas sensíveis possam desfrutar desse encanto de voz e ternura de pessoa.

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