
Pra começar bem nosso mês de aniversário, o Papo Afinado é com a linda, querida e talentosa Ana Karina Sebastião, a baixista mais charmosa da MPB! Obrigada, Ana Karina por conversar com a gente!
FCEF – Como foi que você descobriu que a música era o seu caminho?
AKS – Foi uma coisa muita natural na minha vida porque eu tenho três irmãos mais velhos e um mais novo e quando eu tinha uns nove anos de idade, o meu irmão mais velho tinha uns dezesseis, aliás nem foi o mais velho, foi o segundo. Minha mãe coloca números nos filhos (risos). Ela chama filho no. 1, 2, 3, 4 e 5… Eu sou a número 5! Aí o filho no. 2 pediu um violão…

FCEF – A Ana Lissy tem 5 filhos? Com aquele rostinho de menina ?
AKS – Sim! Muita gente acha que ela é minha irmã e até já acharam que ela era minha namorada ! (risos) E ela fica se ” achando” (risos). Aí, esse meu irmão de no. 2, o Michel Sebastião , que é cantor, pediu um violão. Talvez por influência do meu avô, que toca cavaquinho, mas não profissionalmente, apenas como hobby. Minha avó materna deu o violão para o Michel. Meu pai resolveu então comprar um violão para cada um dos outros s irmãos. Como somos católicos e frequentávamos a igreja, foi lá que meus irmãos começaram a tocar. Aí resolveram formar uma banda de rock. Eu não tive escolha, eles decidiram que eu ia tocar baixo. Eu tinha uns 10 anos nessa época. O baixo era maior que eu! Eu fui pegando o gosto pelo instrumento com o tempo. Nunca tinha ouvido falar em “baixo”. O que mais me atraía era o violão e também o canto. Meu pai queria que eu fosse cantora…. Porém continuei estudando o instrumento. Entrei para a Escola de Música que se chamava ULM (Universidade Livre da Música) e tinha excelentes professores e depois fiz Licenciatura em Música e estou muito feliz com minha escolha.
FCEF – Quando foi sua primeira apresentação profissional?
AKS – Quando eu tinha meus 12 anos e essa banda de rock com meus irmãos, nós participávamos de vários festivais de música pelas igrejas, até fora de São Paulo (Ana Karina é paulistana da gema). Ganhamos vários troféus, inclusive. Mas meu primeiro cachê, mesmo… Eu tinha 16 anos, já estava na Escola de Música, que por sinal era bem puxada. Se eu não estudasse, estava fora. Então eu era bem aplicada, mas queria muito tocar profissionalmente. Como ninguém me chamava ainda, comecei a mandar mensagens para amigos, oferecendo meus serviços de baixista e pedindo indicações. Um dia um amigo precisou de um baixista para atuar em um musical, o “Fame”, que estava em cartaz no Teatro Oscar Freire. Aí fui tocar no musical. A banda nem aparecia, ficava meio que escondida, só acompanhando os atores, mas foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida. Era uma banda bem grande. Tinha metais, violinos… Lá eu conheci muita gente e com alguns eu tenho contato até hoje. E foi assim que começou. Por este trabalho eu recebia por apresentação.
FCEF – E com artistas da MPB, quando você começou a tocar?
AKS – Eu posso dizer que quem impulsionou a minha carreira foi o Arrigo Barnabé. Logo depois do musical, que foi meu primeiro trabalho, eu tive contato com o Paulo Braga, que tinha sido meu professor na ULM (Universidade Livre da Música) e que eu posso dizer que é muito importante na minha carreira. O Paulo é pianista e eu o considero o meu “pai” na música. Ele me inspirou, me incentivou e também toca com o Arrigo. Nessa época, o Arrigo estava formando uma banda: “O Neurótico e as Histéricas”(risos) e precisava de uma baixista… Aí comecei a tocar com o Arrigo, que por sinal precisa ser conhecido por todos. É um ícone de nossa música. Foi o primeiro a misturar a música dodecafônica com a MPB, uma verdadeira “fusion” de música erudita com popular. É um cara genial. O interessante é que quando eu dizia que tocava com o Arrigo, as pessoas logo diziam: “Nossa! Então você deve tocar muito, né?” (risos) .
FCEF – Fale um pouco sobre o Quarta B.
AKS – Depois de começar a tocar com o Arrigo Barnabé, apareceram vários convites para mim e eu também decidi formar um grupo de música instrumental com esse nome, Quarta B. Sou eu, as meninas que tocavam no Clara Crocodilos (do Arrigo) e chamamos o pianista para completar. Fazemos umas releituras de composições do Moacir Santos, que foi um maestro importante.
FCEF – E os seus irmãos, também continuam na música?
AKS – Todos tem alguma ação na música, mas de diferentes meios. Meu irmão mais velho tem uma empresa em que ele contrata professores de música e leva na casa das pessoas para que elas tenham aulas. É p Ricardo, ele é guitarrista. Tem o Michel Sebá que é cantor. Ele toca vários instrumentos, atua, dança, mas o foco dele é cantar. Tem o Ulisses Sebastião que é baterista.
FCEF – E como surgiu o convite para tocar com Filipe ?
AKS – Eu estava um dia, em casa, e o telefone toca. Atendi, e era o Filipe Catto! E minha primeira pergunta pra ele foi: “Como você chegou até mim?” (risos). Ele é amigo da Mônica Jena, uma fofa! Ela foi uma das integrantes do grupo do Arrigo, “O Neurótico e as Histéricas”, na primeira formação, tocava guitarra. Pra você ver como tudo está ligado. Foi ela quem me indicou ao Filipe. Ele me disse que estava precisando de baixista e me convidou. Eu disse: “Claro, vamos!”. Desde então estou apaixonada pelo Filipe, um super cantor. Eu estou ali tocando, mas ao mesmo tempo assistindo ele. Uma pessoa linda, doce, impossível não amar.
FCEF – E qual foi o show em que você tocou com Filipe pela primeira vez?
AKS – Na verdade não foi um show com público. A primeira vez que toquei com ele foi naquela apresentação “ao vivo” do Tomada. O programa “Clap me”, transmitido via internet.
FCEF – Fale um pouco da sua experiência tendo o Ricky Scaff como diretor do show “Tomada”.
AKS – Eu nunca tinha trabalhado em um grupo que tivesse um diretor musical/artístico assim. Eu fiquei surpresa e lembro de ter pensando, nossa! como uma pessoa pode ser tão essencial, né? São detalhes pequenos, mas que fazem a diferença. O Ricky é uma pessoa muito detalhista e perfeccionista. Acho que ele faz toda a diferença no trabalho. Além de ser uma pessoa maravilhosa também. Eu queria comentar também sobre os shows em que Filipe canta Cássia Eller. Fizemos o Circuito Sesc. Vários fins de semana, diferentes cidades. A releitura que Filipe faz da Cássia, ao mesmo tempo que lembra ela ( apesar de eu não ter vivido essa época) tem a personalidade forte dele ali. Foi uma experiência incrível.
FCEF – E seu trabalho autoral ?
AKS – Ao mesmo tempo que adoro tocar, acompanhar outros artistas, cada um tem sua personalidade e acho importante pensar no meu som. Por outro lado é muito difícil conciliar o tempo, porque além do Filipe Catto, eu trabalho com outros artistas como o Chico César , o Péricles Cavalcanti, o Paulo Miklos, o Arrigo, tem também um programa de TV que gravo, tem a banda Quarta B e tudo isso consome muito tempo. Mas um dia eu mostro minhas coisas. Eu componho e canto e pretendo um dia gravar.

Você faz a diferença no palco. Com esse sorrisão parece que você é alegre por natureza. Parabéns pelo lindo trabalho. Toca divinamente.
LikeLike
Há como é bom Karina, ver vc conquistando seu espaço na música! Aquela menininha se transformou numa baixista de muito talento, graças a sua dedicação.Tenho o maior orgulho em ver vc levando nosso sobrenome ao mundo. Bjs querida desfrute o sucesso vc merece tia Sandra
LikeLike