Papo Afinado: Mãeana

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Mãeana e Dom – Foto de Klaudia Alvarez

Ana Cláudia Lomelino ou simplesmente Mãeana. Vocalista da Banda Tono, mas também investindo em sua carreira solo. A esposa do Bem Gil. A mãe do Dom e do Sereno, que chegou há poucos dias, mais precisamente no dia 14 de março. FCEF teve o prazer e a alegria de conversar com Ana Cláudia, a quem agradecemos a disponibilidade e simpatia!

FCEF – Como e quando a música entrou em sua vida?

AC – Tudo aconteceu de um jeito muito informal. Foi graças ao pessoal que viria a formar a Banda Tono. Eram meus amigos e me ouviram cantar em uma viagem. Um tempo depois, quando resolveram criar o grupo, me chamaram para cantar. Eu estava ainda indecisa, na época, sobre que caminho profissional seguir. Eu estudei Astrologia, dança, mexia muito com imagens, já tinha esse meu lado de artista visual, mas não tinha nenhuma pretensão de cantar. Foi o Tono que me deu essa oportunidade da música me levar.

FCEF – O Tono já existia então, quando você entrou?

AC – Não. Foi uma ideia do Rafael Rocha. Ele chamou o Bruno Di Lullo, o Bem Gil, que eu não conhecia ainda, e formamos a banda.

FCEF – Quantos discos o Tono tem gravado?

AC – Temos três trabalhos registrados e como Mãeana, a minha carreira solo paralela, tenho dois discos, Mãeana e o ao vivo. O primeiro do grupo foi o Tono Áudio que foi uma experiência bem sutil porque eu canto duas ou três músicas no disco. Não é uma coisa de cantora líder. Foi tudo bem devagar, bem sutil, uma escola para mim, que foi me levando a cantar mais e mais.

Assista aqui

FCEF – Como está sendo a divulgação de seu DVD ao vivo?

AC – Bom, eu fiz esse show aqui em São Paulo, no Sesc Belenzinho e farei mais um no Rio. Lá é mais fácil para mim, porque uso um cenário grande e nem sempre temos uma estrutura para transportar tudo que preciso e também para pagar os músicos. No Rio, onde moro, fica mais fácil apresentar o show. Agora eu vou precisar dar uma pausa no meu trabalho, por causa do nascimento do Sereno, mas esse é um show que curto muito fazer. Também foi nascendo aos poucos e senti a necessidade de gravar um DVD para registrar todo o lance visual do show. Só que ele já está mudando. Estão surgindo músicas novas e estou até pensando em gravar o Mãeana 2. Novas ideias vão sempre surgindo.

FCEF – De onde veio o “Mãeana”?

AC – Foi em uma viagem que o Tono fez à Bahia e o Bruno Di Lullo começou a me chamar de “Mãe Aninha”. Ele estava brincando com essa coisa da Bahia, meio esotérica, mainha…O lance da religiosidade também, mãe de santo. Eu gostei da ideia, tirei o diminutivo para ficar menos infantil. Assim nasceu a “Mãeana”

Serena e Mãeana
Mãeana e Serena Assumpção

FCEF – Como foi o seu encontro com a Serena Assumpção?

AC – Tem tudo a ver com o Tono também. A Banda gravou uma canção do Itamar, chamada Negra Música. Está no segundo disco e sempre cantamos nos shows. Por causa dessa canção a Serena nos descobriu. Ela e Anelis que sempre cuidaram do material do Itamar. Uma ocasião ela foi gravar o programa Espelho, do Lázaro Ramos, no Rio. E como ela ia falar do Itamar, foi pedido a ela que tivesse alguma música no programa. Ela escreveu pro Bem, mas no dia ele tinha outro compromisso e fomos eu e o Bruno. Ela estava com um lenço na cabeça. Eu acho que tinha acabado de descobrir a doença. Foi um programa lindo. Eu fiquei ali, assistindo ela dar a entrevista. E no final a gente cantou a Negra Música, uma olhando nos olhos da outra. Sem desviar o olhar. Foi uma coisa muito forte. Depois ela me explicou que essa canção foi escrita pra ela, quando ela nasceu. Aí já houve aquela ligação mística. Comecei a considerá-la como a minha mãe de santo. Quando eu estava em um momento difícil eu a consultava. Ela tinha uma coisa forte de cura. Eu não tinha ideia sobre a doença dela. Ela não falava sobre isso. Eu achava que ela usava o lenço por ter “feito a cabeça” no ritual do candomblé. Na verdade ela escondia isso. Ás vezes inventava uma desculpa para não ir, não estar em algum lugar. Foi só durante as gravações do Ascensão, no estúdio do Dipa, aqui em São Paulo, que ela me falou pela primeira vez da doença. Comentou que não estava conseguindo andar direito. Eu perguntei o porquê. E ela disse: Você não sabe da minha doença? Aí eu respondi que não, que ela nunca tinha me falado nada sobre o assunto. Ela reclamou muito da perna, que não estava conseguindo andar direito. E a partir daí nos falamos muitas vezes, criamos uma relação muito profunda. Ela escolheu o Tono para fazer o show de lançamento do disco. Tudo tem um porquê, uma razão.

FCEF – E agora vem o Sereno aí, né?

AC – Pois é,,,(risos). Uma homenagem, naturalmente.

Nota: Sereno nasceu no dia 14 de março de 2017, portanto há cinco dias, dois dias antes de completar um ano da passagem de Serena para o plano espiritual.

Sereno
Sereno Gil – Instagram de Mãeana

FCEF – E seus planos para o futuro?

AC – Bom, agora vou precisar me dedicar ao Sereno. É muita trabalhadeira na chegada, Depois, começo a pensar em gravar o disco novo, que vai ser de estúdio. E viajar também, continuar com os shows. Gostei muito dessa experiência aqui com o Sesc de São Paulo. Eles são fantásticos. Acho que os artistas de São Paulo estão muito bem servidos com o Sesc.

Canção de Bem Gil em homenagem ao filho Sereno

FCEF – Para encerrar nossa conversa, gostaria que você falasse um pouco da sua relação com o Filipe.

AC – Conheci o Filipe Catto por intermédio da Serena. Naqueles dois shows que o Tono fez em homenagem ao Itamar, no Sesc Osasco. Convidamos o Ney Matogrosso para participar, porque já tínhamos uma relação com ele. A Serena chamou o Filipe e articulamos para os dois cantarem juntos. Eu ainda não conhecia o Filipe pessoalmente. E foi aquele momento lindo e inesquecível.

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