Papo Afinado: Paulo Neto

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FCEF teve o prazer de conversar com o cantor, compositor e desenhista pernambucano PAULO NETO. Radicado em São Paulo, ele nos conta detalhes de sua carreira e também fala do dia em que dividiu o palco com Filipe e Zezé Motta!

FCEF – Paulo, prazer imenso ter você aqui no Papo Afinado. Obrigada por nos receber. O começo. Quando você descobriu a música?

PN – Eu descobri, cantando na verdade. Foi um amigo que ia fazer um teste pra cantar numa banda (isso em Condado, minha cidade na Zona da Mata Pernambucana) e eu o acompanhei. Ele era muito tímido e eu, ao contrário, sempre extrovertido, comunicativo. Fui muito animado para acompanhá-lo, mas chegando lá, ele travou. Não conseguia cantar. Eu, sempre muito descontraído, entrei no estúdio e comecei a cantar com ele, para ver se ele se liberava. Terminou o teste, ele meio triste e em seguida me ligam para eu voltar ao estúdio, pois eles queriam que eu cantasse na banda! Foi assim que começou a história, mas eu sempre gostei muito de música. Como eu desenho, gostava de desenhar ouvindo música e cantando.

FCEF – Então o desenho veio primeiro…

PN – Sim. Desde criança que eu desenho. Não tinha brinquedos, tinha cadernos de desenho. Era o meu brinquedo preferido. Desenhei sempre, então, de certa forma, já era ligado às artes. Já tinha esse vínculo com esse lugar artístico e não sabia. E nem passava pela minha cabeça isso. Depois dessa “brincadeira” no estúdio foi que entendi o que era. Fiz o meu primeiro show e pensei vou “ brincar” disso. Achei que seria um passatempo. Eu não tinha pretensão e quando você não tem pretensão, não pensa muito. Ainda mais morando em uma cidade tão pequena. Eram apenas 13 mil habitantes.

FCEF – Voltando ao seu “teste musical” lá em Condado. O que aconteceu depois dele?

PN – O teste era para ser cantor do Trio Elétrico da cidade durante o Carnaval! Essa festa é muito popular lá. Eu cantava frevos e os sucessos da época e puxava cerca de 15 mil pessoas! Fiz durante um tempo, mas comecei a fazer o movimento contrário a esse que foi cantar em bares, lugares menores e comecei a me firmar como intérprete. Não importava se tinham só duas pessoas pra me assistir. Eu transformava aquilo num show. Quem já me acompanhava nessa época, ao violão, era o Joan. Fizemos 10 anos de parceria agora. E a decisão de vir para São Paulo aconteceu quando já tínhamos feito todas as cidades da região. Quem me incentivou muito foi minha avó paterna. Ela foi muito sábia e mesmo eu tendo acabado de passar para a faculdade de desenho, ela me disse para trancar a matrícula e vir para São Paulo. E três meses depois que eu cheguei aqui, ela faleceu. Ela que “vendia” meus shows, me incentivava demais. Ela tinha muita visão e me disse que eu podia estudar depois, mas seguir o meu sonho só com juventude e saúde. Então, desde 2008 que estou em São Paulo.

FCEF – Em 2011, você lançou seu primeiro CD. Como foi o processo?

PN – Em 2010 eu participei de uma categoria do Prêmio da Música Brasileira chamada “Vale Cantar”. Os artistas novos (que ainda não tivessem discos gravados) mandavam canções, que eram avaliadas por um júri. Eu mandei uma canção do Noel Rosa que gravei. Fui selecionado e ganhei o prêmio de melhor intérprete. Por causa disso tive um contato maior com o Thiago Marques Luiz, que acabou produzindo esse meu primeiro disco comercial. Mas antes eu tinha gravado uma demo, com cerca de 500 cópias. Mas foi minha participação no PMB que me permitiu ser ouvido por ídolos como Alcione e Emílio Santiago que me elogiaram e também me incentivaram muito. Fizemos uma pesquisa muito grande para gravar esse CD, porque eu não tinha muito acesso à música na minha cidade. Conhecia apenas o que minha mãe e minha vizinha ouviam. Era mais Roberto Carlos e música bem popular. Eram essas as minhas referências. Aí eu chego aqui e sou apresentado a um mar de compositores e autores como Taiguara, Sérgio Sampaio e aí a minha cabeça abriu. E o CD “Dois Animais na Selva Suja da Rua” surgiu desse lugar.

FCEF – Fala um pouco pra nós do dia em que você cantou com Filipe Catto…

PN – Foi no Centro Cultural São Paulo. O espetáculo era Uma Noite para Nelson Cavaquinho. Eu já conhecia o Filipe antes, era fã do trabalho dele. Quando estava pesquisando material para o meu disco, junto com o Thiago Marques Luiz, aí surgiu o Filipe. Nós sempre fomos muito escassos de cantores. Cantoras tem muitas. Lembro que mostrava pra todo mundo e falava: gente, surgiu um menino que canta muito. E aí surgiu essa oportunidade de fazermos um trabalho juntos. Cantamos duas músicas, eu, ele e a Zezé Motta. Com a produção do Thiago, que adora juntar artistas. Depois quase cantamos juntos de novo, no projeto do Gonzagão. Fazia quase dois anos que eu não encontrava o Filipe pessoalmente. Há pouco tempo eu estava assistindo a participação dele no programa Cultura Livre e deixei a TV rolando com ele cantando. À noite fui a um show no Sesc Pompéia e dei de cara com ele e o Ricky. Comentei que estava vendo-o à tarde e eles comentaram que tinham assistido o meu vídeo onde contraceno com o meu avô. Uma canção que vai estar no meu novo trabalho.

FCEF – Seu novo trabalho. Vamos falar sobre ele.

PN – Pois é. Eu me isolei um tempo para mergulhar nesse projeto, o disco surgiu de um sonho que tive. Com o título do disco e com a capa. Daí começou o processo. Foi tudo muito natural. A ideia era ser um disco de intérprete, como é a minha história. Mas nesse mesmo sonho da capa e do título, veio junto uma melodia. Eu gravei, mas deixei de lado. E comecei a pesquisar a partir do título que me foi sugerido no sonho e passei a entender o que tinha que fazer. Era uma volta pra casa. E nesse processo comecei a escrever. Nunca achei que eu era compositor e quando vi, estava com várias canções prontas. Esse novo trabalho vai ser autoral e o que mais quero é que as canções cheguem às pessoas. O Rodrigo Campos é o produtor musical desse CD e o Celso Sim é o diretor artístico. Vão ser 12 canções. Vou relatar a trajetória desde o sonho, da pesquisa, da volta pra casa, do encontro com o meu avô. Desse encontro artístico comigo mesmo. E quero contar a minha história fielmente através desse trabalho.


Paulo Neto está com o processo de financiamento coletivo para que as pessoas possam fazer parte dessa história com ele. Quem quiser participar, basta acessar Aqui e conhecer um pouco mais sobre o projeto.

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