
Nossa mais nova colaboradora, Carmélia Aragão, escreveu o texto abaixo, logo depois de assistir à entrevista de Filipe Catto no programa “Virada Cultural” da TV Octo, de Porto Alegre.
Uma vez, em sala de aula, alguém falou que estava fazendo uma “oficina de autoficção”. A professora foi educada e achou bacana. Mas o que fazemos o tempo inteiro senão autoficção? Senão contar histórias de nós mesmos? Quem não consegue imaginar a si mesmo será que um dia conseguirá imaginar um outro? Gosto da imagem do artista como aquele capaz de “desarmar a máquina do medo” ao criar mundos e deslocar a linguagem do lugar comum. Pronto, estamos salvos. Mas como um artista reativa a “máquina do encantamento” que se extraviou? Alguns prestam desobediência à ditadura dos corpos. Outros subvertem a linguagem preestabelecida e se desnudam em canções que parecem ingênuas. Quem está cantando o amor? Para quem o amor está sendo cantado?De que quarto, de que gosto, de que pele? Por que é preciso cantar a liberdade de sermos nós mesmos? Como respirar, andar na rua e as questões sempre estarão ali sendo postas. Esse é o olhar de quem faz arte. Fazer ruir a “máquina do medo”. A máscara é necessária porque senão a linguagem não transborda Não se pode sangrar o tempo inteiro. A gente não dá conta. A verdade é algo que se fecha em uma caixa. É preciso abrir a caixa e desativar uma maldita máquina.
Parabéns nova colaboradora!
LikeLike