Memória: Júlio Barroso

Como sempre, os festivais de música que aconteciam no Brasil nas décadas de 60 em diante, faziam história e revelavam novos talentos. O MPB-Shell 81, promovido pela Rede Globo não foi diferente. Nesse festival apareceram, para o grande público, nomes que até então eram desconhecidos ou apenas conhecidos por poucos privilegiados, mas que se tornariam grandes nomes de nossa música. Foi o festival da famosa vaia recebida (injustamente) por Lucinha Lins, ao interpretar “Purpurina” (de Jerônimo Jardim) já que o público preferia “Planeta Água” de Guilherme Arantes. Foi também nesse festival que a Gang 90 e as Absurdettes, grupo liderado pelo fantástico Júlio Barroso deu as caras e mostrou a que veio. “Perdidos na Selva” mostrou que qualidade e sucesso comercial podem sim, andar juntos. “Nosso Louco Amor”, outro sucesso, foi tema de novela e lançou a Gang 90 nacionalmente.

Considerado como um dos precursores do Rock Brasil, dos anos 80, Julio Barroso além de músico era jornalista, DJ e principalmente poeta. Carioca, mas radicado em SP, Julio participou ativamente de toda a cena da época da discoteca Paulicéia Desvairada e lançou o primeiro disco do grupo – Essa tal de Gang 90 e as Absurdettes que trazia os hits da banda e outras canções incríveis e muito bem elaboradas.
Em pleno sucesso, e quando estava produzindo novas canções e escrevendo bastante, Julio Barroso faleceu no dia 06/06/84, com apenas 30 anos de idade, ao cair da janela de seu apartamento em SP.

Depois do falecimento de Júlio, ainda foram lançados 2 discos da Gang 90: Rosas e Tigres (de 1985) que contém “Do fundo do coração”, gravada agora por Filipe Catto e “Pedra 90” (de 1987). Em 2013, estreou o documentário “Julio Barroso – Marginal Conservador”, dirigido por Ricardo Alexandre que conta a história desse poeta inovador e que tinha tanto ainda a oferecer à cultura brasileira, não fosse a tragédia que o tirou tão prematuramente de cena.