Fã de Carteirinha: Cristiana Oliveira

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Em meados de setembro de 2013, um dos meus passatempos era procurar novos artistas no YouTube. E conheci muitos talentos dessa forma. Eu estava ouvindo Toni Ferreira, quando visualizei um vídeo de um rapaz que despertou minha atenção. A música era Quem é você, gravada em um show no auditório do Ibirapuera.

Fiquei simplesmente encantada com aquela figura enigmática, de voz límpida, que tal como uma sereia conseguia com seu timbre, tocar o meu íntimo. Ouvi seguidamente essa canção, e fui descobrindo outras, como 20 e poucos anos, Saga, Redoma, Gardênia Branca, Adoração. Virou vício, todos os dias ouvindo Filipe Catto. Comprei CD, ganhei o DVD e coloquei na cabeça que precisava ir a um show dele urgentemente. Mas não foi tão fácil assim…

Dia 26/11/2013, ele fez o show Entre Cabelos, Olhos e Furacões no Teatro Renault e quase enlouqueci por não poder ir. Afinal, era um meio de semana, horário, distância, falta de companhia. Depois veio Tom Jazz e novamente nada. Iria sozinha ao show no Memorial da América Latina, dia 17/03/2014, mas dias antes acabei fraturando um dos dedos do pé.
A oportunidade apareceu com o projeto Vira o Disco da Livraria Cultura, dia 26/04/2014. Fui com um amigo e estava completamente ansiosa. E se toda a admiração que eu sentia evaporasse ao conhecê-lo? E se ele fosse um daqueles artistas arrogantes? Afinal, acontece né? Mas para minha surpresa, não foi o caso.  Cheguei no espaço de CD’s da Livraria e via tudo calmo, nada do Filipe. Só ouvia sua música sendo tocada no som ambiente. Quando de repente, o vi chegando, já com alguns fãs por perto. Tímida e nervosamente cheguei perto, o cumprimentei, ele gentilmente autografou meu CD, tirou fotos e agradeceu. Depois de atender as pessoas, começou a individualmente indicar os CD’s. Quando pedi a ele uma indicação, Filipe perguntou qual era meu estilo de música. Eu disse que minha predileção era MPB, ele então me falou do primeiro CD de uma cantora que segundo ele tinha “puta voz e um trabalho lindo”: Alice Caymmi. Na época não conhecia, e hoje amo de paixão. Indicou também Márcia Castro, que inclusive estava cantando no andar de baixo da Livraria. Lembro que fiquei encantada com a atenção dele, pois no momento em que conversávamos, ele não achou os CD’s na prateleira, então pediu licença e disse que tentaria encontrá-los. Nisso, outros fãs se aproximaram, ele atendeu a todos, e então depois de meia hora, quando eu achava que ele nem lembrava mais, ele aparece com os CD’s na mão dizendo que estava nos procurando para entregá-los. Achei a coisa mais cativante do universo. Saí de lá com o triplo da minha admiração e com o coração transbordando de alegria, mas ainda faltava o show…

E não tardou a acontecer. Dia 09/05/2014, no Sesc Santo André, cidade vizinha a minha. Fui levando quatro amigos que não conheciam a fundo o trabalho dele, mas que saíram de lá tão maravilhados quanto eu. Aquele show mexeu comigo como nenhum outro. Meu corpo tremia, custava a crer que aquilo era real. Sua voz tocava fundo na minha alma, como que quisesse me mostrar algo muito maior, como que me chamasse para um despertar. Aquelas letras densas, dramáticas, intensas, casavam como uma luva em mim.
Recordo-me que meus amigos e eu saímos tão felizes de lá, fomos os últimos a deixar o Sesc depois de falar com o Filipe, que novamente foi muito gentil. Não consigo descrever exatamente aquele pós-show, mas sei que estávamos num estado de êxtase, de alegria intensa, tudo proporcionado pela arte e energia linda daquele jovem cantor.

Seguiram-se outros shows, passei a acompanhá-lo mais de perto, conheci pessoas maravilhosas, que hoje fazem parte do meu ciclo de amigos. Conheci outros artistas maravilhosos através dele, passei a frequentar mais shows. Enfim, Filipe expandiu meu mundo.

Muita gente conta que Filipe surgiu em suas vidas em momentos de depressão e sua arte foi a cura. Na minha, costumo dizer que foi em um momento de transição. Perdi um ente muito amado, rompi um relacionamento tóxico, e então me apeguei a sua arte, passei a sair mais com os amigos, conhecer gente nova, seguir mais meu coração. Sou grata a ele por ajudar a libertar o meu lado mais leve.

Como artista, Filipe me surpreende mostrando a cada show uma faceta diferente, encontrando novas parcerias, desafiando a si mesmo com coisas novas e testando seus limites. Admiro o alcance que ele tem com um público muito diversificado, seu público abrange várias gerações. Meu sobrinho começou a gostar dele com seis anos, e não somente porque eu ouvia. E foi muito emocionante ver a empolgação do Lucas no show, e sua alegria quando conheceu Filipe e Ricky. Como pessoa, admiro sua forma de se posicionar como cidadão, que como todos nós, deseja um mundo melhor para viver. Admiro sua atenção com os fãs, pois mesmo cansado atende a todos com sorriso no rosto, sendo que o que caberia a ele era somente sua apresentação no palco.

Tenho certeza de que seu sucesso está apenas começando. Ele muito já conquistou, mas ainda tem um mundo a conquistar. Para um artista com sua grandeza, um intérprete intenso, um compositor sensível e transgressor, de uma presença de palco tão marcante que quando ele canta, todos os olhos e ouvidos são para ele. Não se fica indiferente em sua presença. Só consigo mesmo compará-lo ao mito da sereia, que com sua voz e sua beleza, encanta a todos e nos leva onde ele deseja. Para um artista assim, o céu, somente ele, é o limite.

(Cristiana Oliveira)

5 Comments

  1. Que lindo texto Cristiana!!!!!Sinto isso também Filipe e um ser iluminado que segue iluminando nossos caminhos !!!

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  2. Maravilhoso texto Cristiana. Revivi as minhas primeiras emoções de quando ouvi a voz de Filipe e reforço aquelas que continuam a tomar conta de mim toda vez que, pela internet, vejo flashes de um show dele.
    Não vejo a hora de conhecê-lo pessoalmente, dá- lhe um forte abraço e levitar num show dele.
    Valeu Cristiana por nos trazer tão viva e intensamente a sua vivência nesse universo musical de Filipe!

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  3. Cristiane que forma linda você tem de escrever. Seu canto de sereia também levou-me onde ele quis e onde eu quis estar. Belíssimo.

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