
Viver e não ter a vergonha de ser feliz. E ele viveu intensamente, sendo feliz apesar dos pesares.
Cantar e cantar e cantar a beleza de ser um eterno aprendiz. E ele cantou, tocou, modificou as pessoas, e ainda assim reconhecia que tinha paciência para aprender aos poucos.
Sabia que a vida devia ser bem melhor, mas isso não o impediu de repetir que ela é bonita é bonita e é bonita.
Porque somos nós que fazemos a vida como der, ou puder ou quiser.
Luiz Gonzaga do Nascimento Junior ou simplesmente Gonzaguinha. Se estivesse conosco estaria completando hoje 70 anos, mas quis o destino levar nosso poeta de sentimentos rasgados cedo demais.
Nasceu em 22 de setembro de 1945, na cidade do Rio de Janeiro. Filho de Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, com a dançarina Odaleia Guedes dos Santos. Aos 02 anos de idade ficou órfão de mãe e foi criado pelos padrinhos Dina e Xavier, no morro de São Carlos. A história toda dispensa apresentações, pois tanto já se comentou sobre ela. Paralelo a isso, Gonzaguinha construiu sua própria trajetória no cenário musical, com todos os méritos possíveis.
Foi o menino idealista, até mesmo raivoso (era chamado cantor rancor), mas também foi sonhador, acreditou num país melhor. Um jeito de moleque sempre presente, voluntarioso, contestador, teimoso, irônico, segundo suas próprias palavras. Da mesma forma com que compunha com perfeição letras de protesto, sabia também falar das coisas do coração de uma forma visceral, genuína.
O forte teor social de sua música, com críticas ao capitalismo, ao machismo, lhe rendeu diversas letras censuradas. Mas isso não o intimidava.
Sua obra em si é uma lição de vida, a luta pelos ideais, o amor pela vida, a entrega. A música “Sangrando” é a perfeita definição da imagem dele. A entrega, a intensidade de emoções, tudo tão escancarado. Isso é Gonzaguinha, pura e simplesmente.
No dia 29 de abril de 1991, seu Monza colide com um caminhão na BR-280, sudoeste do Paraná. O menino do morro de São Carlos nos deixava na plenitude de seus 45 anos. Sua obra tornou-se um legado fundamental para a música popular brasileira.
Certa vez Gonzaguinha disse que só queria ver as pessoas assobiando suas músicas… Era só isso que ele queria, mas conseguiu muito mais. Assobiamos suas músicas com uma intimidade, uma cumplicidade tamanha, que elas parecem marcadas em nossa alma. E embora não se possa negar a universalidade de sua música, Gonzaguinha é a perfeita representação do povo brasileiro.
Texto: Cristiana Oliveira
GONZAGUINHA, O MENINO QUE DESCEU O MORRO DE SÃO CARLOS
Gonzaguinha foi um artista polêmico, desafiador, crítico, político, atrevido num tempo em que tudo era restrito, proibido. Qualquer crítica por mais simples que fosse, era encarada como subversão. O que poderia trazer consequências ruins como: censura das letras, uma visita à Polícia Federal ou até mesmo, a prisão.
Filho de Luiz Gonzaga, o rei do Baião, trazia em seu DNA, características de um artista nato. Vinha de uma realidade diferente da de seu pai, construída no Morro de São Carlos, no Rio de Janeiro. O menino franzino expôs, desde cedo, a dura realidade dos moradores da favela. Representava sua gente através de suas letras contundentes e reais. Mas, o poeta não falava apenas das mazelas do mundo. Narrava o amor, a dor, as desilusões através de letras apaixonadas que representavam toda uma geração que via em suas canções, a descrição de suas dores, suas paixões, seus medos.
Assim era Gonzaguinha. Homem franzino, sem beleza aparente, mas um poeta que seduzia e encantava pela força das suas palavras e pela doçura de sua voz. Que o Brasil não se esqueça desse nosso poeta tão carioca.
Texto: Christina Elói
Meninas, vocês estão de parabéns pelo lindo texto. O Gonzaguinha está sempre presente em minha vida. Ele não morreu. Ainda continua nos influenciando muito..
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Ótimo relembrar Gonzaguinha nas palavras desse excelente texto!
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